Havana Em meio a crescentes e desencontrados rumores sobre o estado de saúde do líder cubano Fidel Castro, o irmão dele e presidente interino de Cuba, Raúl, fez um discurso na quarta-feira à noite no qual falou em "abrir paulatinamente o espaço" para as novas gerações e declarou-se favorável ao debate e às divergências. Sem fazer nenhuma menção à saúde de Fidel, a fala de Raúl no encerramento do Congresso da Federação de Estudantes Universitários se deu às vésperas da mais importante sessão anual da Assembléia Nacional (Parlamento), que começará hoje em Havana e deve delinear o programa de governo para 2007.
"Às vezes as pessoas temem o termo discordar, mas eu digo que, quanto mais debate e mais discordância houver, melhores serão as decisões", afirmou Raúl aos estudantes. Num pronunciamento de cerca de meia hora, Raúl disse que irá delegar mais tarefas e fazer menos discursos do que seu "insubstituível" irmão Fidel.
Aparentando tranqüilidade e usando uniforme militar, Raúl disse que Cuba passa por um momento "histórico".
Sem aparições
Fidel, de 80 anos, não é visto em público desde que uma cirurgia de emergência para frear uma hemorragia intestinal segundo as fontes oficiais forçou seu afastamento do poder, em 31 de julho, pela primeira vez desde a revolução de 1959.
A ausência do líder tem provocado incertezas sobre o futuro do único país comunista do Ocidente, em meio a especulações de que Fidel poderia estar perto da morte. Na semana passada, o chefe dos serviços de inteligência dos EUA, John Negroponte, declarou que a morte de Fidel é "uma questão de meses, não de anos". O regime cubano, no entanto, desmente a versão de que Fidel tenha câncer ou alguma outra doença grave que o tenha levado a um estágio terminal.
Raúl, de 75 anos, apontado como sucessor pelo próprio Fidel, disse que o sistema de partido único vai continuar existindo com ou sem o irmão. Analistas crêem, no entanto, que ele não tem ambição de governar Cuba por tempo indeterminado e que vai administrar o país por alguns anos, antes de passar o poder a um sucessor mais jovem.
Durante o mandato interino, Raúl tem criticado a burocracia estatal e a corrupção. Ele também tem feito chamados ao regime para "corrigir erros" de modo a deixar o governo pronto para enfrentar um plano americano de acelerar a transição na ilha.
Pragmatismo
A ele se atribui a imagem de líder pragmático que poderia dar um virada na direção de um modelo chinês, de abertura econômica e continuidade política. Em diversas ocasiões, ele já deixou claro que é favorável ao relaxamento do controle estatal da economia.
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