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Repercussão global

Como o mundo está reagindo ao ataque da Turquia aos curdos na Síria

Curdos e sírios fogem em meio a um ataque das tripas turcas
Curdos e sírios fogem em meio a um ataque das tripas turcas (Foto: Delil SOULEIMAN/AFP)

A Turquia lançou uma operação militar contra as forças curdas, aliadas dos EUA, no nordeste da Síria nesta quarta-feira (9) para levar adiante um plano controverso que, segundo o presidente Recep Tayyip Erdogan, enviará pelo menos um milhão de refugiados sírios abrigados na Turquia de volta para a Síria pela fronteira entre os dois países. Veja como os países estão reagiram.

Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descreveu o ataque como uma "má ideia" e disse que o país não apoia a invasão turca. Porém, Trump também alfinetou os curdos, dizendo que eles não apoiaram as forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial - apesar de terem sido decisivos na luta contra o Estado Islâmico, ao lado dos EUA.

A operação militar começou a ser desenhada no domingo, quando Donald Trump anunciou que não faria objeções à invasão turca, o que colocou o presidente em rota de colisão com os democratas e até com seus aliados republicanos no Congresso, que disseram publicamente que a retirada das tropas foi um "erro grave".

Rússia

Antes do lançamento da ofensiva, o presidente russo, Vladimir Putin, pediu a Erdogan que "pensasse com cuidado" antes de tomar qualquer ação.

"Putin pediu aos seus parceiros turcos que pensem cuidadosamente sobre a situação, a fim de não prejudicar os esforços gerais para resolver a crise na Síria", disse a presidência após um telefonema entre os dois líderes.

Nesta quita-feira, o ministro da Defesa, Sergei Lavrov, disse que mantém um canal de comunicação com os turcos - os militares russos também atuam na Síria como aliados do ditador Bashar al-Assad. "Queremos que essa situação se acalme o mais rápido possível, primeiro com base no princípio do respeito à soberania e à integridade territorial da Síria", enfatizou Lavrov, segundo a agência russa Tass.

O ministro também disse que a Rússia promoverá um diálogo entre Damasco, Ankara e organizações curdas. "Vamos pressionar pelo início de um diálogo entre a Turquia e a Síria. Há razões para acreditar que isso atenderá aos interesses de ambos os países. Além disso, promoveremos contatos entre organizações de Damasco e curdos que renunciarem ao extremismo e aos métodos terroristas de atividade", disse Lavrov.

ONU

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse que qualquer operação militar deve respeitar plenamente a Carta da ONU e o direito internacional humanitário. O porta-voz Farhan Haq disse, segundo a rede de televisão Al Jazeera, que os civis e a infraestrutura civil devem ser protegidos. "O secretário-geral acredita que não há solução militar para o conflito sírio".

O presidente do Conselho de Segurança da ONU, embaixador da África do Sul, Jerry Matthews Matjila, também apelou à Turquia para "proteger civis".

Otan

O chefe da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, exortou a Turquia a "agir com moderação", embora tenha reconhecido que Ankara tem "preocupações legítimas de segurança" - a Turquia é membro da Otan. "É importante evitar ações que possam desestabilizar ainda mais a região, aumentar as tensões e causar mais sofrimento humano", disse Stoltenberg em entrevista coletiva em Roma.

"Conto com a Turquia para agir com moderação e para garantir que qualquer ação que possa ser tomada no norte da Síria seja proporcional e medida".

União Europeia

Jean-Claude Juncker, chefe executivo da UE, exigiu que a Turquia interrompesse sua operação militar, dizendo a Ankara que o bloco não pagaria por qualquer "zona segura" que pudesse ser criada.

A principal autoridade de política externa da UE, Federica Mogherini, alertou que "ações unilaterais por parte da Turquia ameaçam" ações concertadas do Ocidente e da Turquia e de outros países para derrotar o estado Islâmico. Segundo ela, a ação militar turca pode causar uma "prolongada instabilidade no nordeste da Síria, fornecendo terreno fértil para o ressurgimento do Daesh (Estado Islâmico)". Manter os combatentes do Estado Islâmico presos na Síria em segurança é "imperativo para impedir que eles se juntem às fileiras de grupos terroristas", acrescentou.

É de interesse da União Europeia que os terroristas do EI continuem presos na Síria, já que vários deles são europeus. Os Estados Unidos há meses vem pedindo que os países do bloco repatriem os combatentes e suas famílias e os julguem em seus países de origem - uma sugestão que vem sendo rejeitada até agora.

Liga Árabe

Hossam Zaki, vice-secretário-geral da Liga Árabe, disse que ministros das Relações Exteriores de toda a região se reunirão no Cairo no sábado (12) para discutir a operação militar da Turquia, segundo informou a Al Jazeera. A Liga Árabe compreende 22 países-membros, entre eles Egito, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Arábia Saudita e Jordânia.

Ahmed Aboul Gheit, chefe da organização, disse que a ofensiva da Turquia é "uma flagrante violação da soberania da Síria e ameaça a integridade da Síria". Ele disse ainda que a incursão da Turquia também ameaça inflamar novos conflitos no leste e no norte da Síria e "poderia permitir o renascimento" do Estado Islâmico.

Síria

O Ministério das Relações Exteriores da Síria condenou os planos da Turquia, classificando-os como uma "flagrante violação" do direito internacional e prometendo repelir uma invasão.

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