La Paz - As principais cidades da Bolívia estavam paralisadas ontem por uma greve dos transportes coletivos e por barricadas, em protesto contra uma alta de até 80% dos combustíveis, num clima de crescente descontentamento que o presidente Evo Morales tentou resolver com aumentos salariais. El Alto, a cidade-dormitório vizinha a La Paz e principal feudo eleitoral de Evo Morales, liderava os protestos com a mobilização de milhares de pessoas, que montavam barricadas com pneus em chamas e apedrejavam edifícios de organizações relacionadas ao presidente, comprovou um jornalista da AFP.
Em La Paz, onde o Palácio presidencial era protegido por militares, o transporte público havia quase desaparecido desde cedo e a população tinha dificuldades para se deslocar. Nos mercados, eram grandes as filas de cidadãos em busca de alimentos, que começam a ficar escassos.
Reajuste pesado
Na cidade de Cochabamba, a 400 km de La Paz, os grevistas do transporte de carga instalaram veículos pesados nas interseções das ruas de acesso, impedindo a circulação, segundo mostraram imagens de tevê. Santa Cruz de la Sierra, motor do desenvolvimento boliviano, também foi muito afetada pela paralisação do transporte, e organizações civis anunciavam outras manifestações. Os protestos são contra um decreto anunciado no domingo pelo governo, que aumentou os preços da gasolina (83%) e do diesel (73%). Desde então, os transportes estipularam altas de até 100% de suas tarifas.