Os rebeldes sírios acusaram ontem o regime do ditador Bashar Assad de ter transferido armas químicas aos aeroportos fronteiriços, um dia depois de Damasco ameaçar utilizar estas armas em caso "de agressão estrangeira".
"Nós, no comando conjunto do Exército Sírio Livre (ESL), sabemos perfeitamente o local onde se encontram estas armas e sua localização, e revelamos que Assad levou algumas destas armas e equipamentos para misturar compostos químicos em direção a aeroportos na fronteira", afirmou o ESL em um comunicado.
Na segunda-feira, o regime sírio reconheceu pela primeira vez que possui armas químicas e ameaçou utilizá-las em caso de intervenção militar ocidental, mas jamais contra sua população, desencadeando imediatamente advertências da comunidade internacional.
O porta-voz do Pentágono, George Little, respondeu, afirmando que "as forças do governo sírio não devem sequer pensar por um segundo em usar armas químicas" e descreveu essa possibilidade como "inaceitável".
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, afirmou que a comunidade internacional continuará seguindo com atenção a situação na Síria para prevenir contra uso de armas químicas.
Já o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, alertou o regime de Assad de que cometerá um "erro trágico" e deverá "prestar contas" caso decida utilizar armas químicas.
Ataques
O regime sírio usou ontem sua força aérea para tentar conter o avanço das forças rebeldes em Aleppo, a maior cidade e o principal centro financeiro do país. Segundo um repórter da BBC que está na região, além de helicópteros, aviões de caça participaram da ofensiva.
A cidade é considerada de grande importância estratégica, pela atividade econômica e por ser a capital do norte, onde os rebeldes conquistaram várias porções de território até a Turquia, incluindo postos de fronteira.
Depois de ter levado os combates ao centro de Damasco, matando quatro membros do alto escalão do regime numa explosão na última semana, os insurgentes foram forçados a recuar na capital.
A ofensiva rebelde passou a se concentrar em Aleppo, com combates que chegaram ontem até as portas da antiga cidade murada, classificada pela Unesco como um patrimônio da humanidade.
Estados Unidos vão intensificar apoio a rebeldes, diz Hillary
Agência Estado
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse ontem que Washington vai trabalhar em estreita colaboração com a oposição síria, a fim de forçar o presidente Bashar Assad a deixar o poder.
Após fracassarem em obter uma resolução no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), por causa do veto de Rússia e China, os Estados Unidos estão trabalhando por fora do Conselho para enviar "uma clara mensagem de apoio à oposição", disse ela.
"Acreditamos que não é tarde demais para que o regime de Assad comece a pensar no planejamento de uma transição, em busca de uma maneira de encerrar a violência e iniciar discussões sérias, o que até agora não fez", afirmou Hillary.
Já a Rússia, antiga aliada da Síria, informou que uma flotilha russa com destino ao porto sírio de Tartus entrou no Mediterrâneo.
As embarcações vão desenvolver "manobras militares planejadas", informou o Ministério da Defesa russo. No início do mês, uma fonte militar disse que os navios carregariam combustível, água e alimentos. A Rússia negou que o novo posicionamento esteja ligado à escalada da violência na Síria.