As notícias da primeira renúncia de um importante funcionário do gabinete de Bashar Assad e da deserção de mais quatro militares de alto escalão das Forças Armadas sírias ambas não confirmadas pelo governo foram vistas como evidência de um enfraquecimento interno do regime.
Em vídeo divulgado no YouTube, o vice-ministro do Petróleo, Abdo Husameddine, 58 anos, anunciou sua demissão e diz esperar que forças do governo vão incendiar sua casa e perseguir sua família.
"Não quero passar minha vida servindo aos crimes deste regime. Declaro que estou me juntando à revolução das pessoas dignas", disse. A autenticidade do vídeo não pôde ser confirmada. Ele estava no posto desde 2009.
O porta-voz do Exército Livre da Síria Khaled al Hamoud anunciou que mais quatro altos comandantes desertaram e foram para a Turquia. Já seriam sete os altos militares sírios que se juntaram aos dissidentes um deles ainda estaria no país para coordenar as forças da oposição.
Ontem a chefe de operações humanitárias da ONU, Valerie Amos, revelou que o bairro de Baba Amro, em Homs, visitado no dia anterior por ela, está "completamente devastado". "Aquela parte de Homs está completamente destruída e estou preocupada com o que ocorreu com as pessoas que viviam ali", disse.
No Cairo, o enviado da ONU-Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, disse esperar que ninguém esteja pensando seriamente em uma intervenção militar. "Qualquer militarização tornaria a situação pior", disse. Ele deve chegar sábado no país.
Apoio brasileiro
A agência estatal Sana deu destaque ontem à posição do governo brasileiro de "não interferência externa nos assuntos sírios". Segundo a Sana, o secretário-geral do Itamaraty, Ruy Nogueira teria dito, em encontro com o embaixador sírio no Brasil, Mohammad Khaddour, que o Brasil "entende as ambições de algumas partes que procuram explorar o atual cenário para ganhar espaço".