Expansão do conflito
Os combates na Síria, que se intensificaram nas últimas semanas, estão se espalhando para o vizinho Líbano após os radicais xiitas do grupo libanês Hezbollah passarem a lutar abertamente ao lado das forças do regime de Assad. Segundo autoridades do Líbano, homens armados mataram, ontem, três soldados libaneses em posto de controle na fronteira sírio-libanesa antes de fugirem para a Síria. Em seguida, foguetes atingiram Hermel, aldeia de maioria xiita na região, matando uma mulher e ferindo outras duas pessoas.
As principais organizações rebeldes da Síria elogiaram o fim do embargo da União Europeia ao envio de armas à Síria e pediram que o armamento seja entregue o mais rápido possível. No entanto, eles consideraram que a medida chegou tarde.
O fim das restrições foi aprovado depois de impasse entre Reino Unido e França, que defendiam a cessação do embargo, e a Áustria e países do norte da Europa. Desse modo, os países poderão fornecer armamento após 1º de agosto, data limite para negociações entre o regime e a oposição síria.
O porta-voz da Coalizão Nacional da Oposição Síria, Louay Safi, disse também temer que a medida seja insuficiente para enfrentar as tropas do ditador Bashar al-Assad. "Trata-se de um passo positivo, mas temos medo de que seja insuficiente e tenha chegado muito tarde", afirmou.
O representante do Exército Livre Sírio, Qasem Saadedin, também queria que a decisão tivesse sido tomada há meses e disse esperar ser um passo "efetivo e sério". Ele ainda se comprometeu a mostrar em vídeos todas as armas recebidas dos europeus como prova de que não cairão nas mãos erradas.
"Precisamos de mísseis antiaéreos e antitanques. Quando acabar a guerra, nós devolveremos todas as armas que não usarmos", disse Saadedin, que disse ter uma lista completa de todas as brigadas da organização e suas respectivas armas.
Uma das maiores preocupações dos grupos que se opõem à entrega de armas aos rebeldes é que elas caiam nas mãos de grupos terroristas vinculados à insurgência. Dentre eles, a Frente al-Nusra, que se diz vinculada à rede terrorista Al Qaeda.
Rússia na contramão
Principal aliado do regime do ditador Bashar al-Assad, a Rússia afirmou ontem que vai continuar enviando armas à Síria como meio de dissuadir os favoráveis a uma intervenção militar no país.
A declaração também é vista como resposta ao secretário de Estado dos EUA, John Kerry, para quem o fornecimento de mísseis pela Rússia é fator desestabilizador na crise síria.
O vice-chanceler russo, Serguei Ryabkov, disse que a entrega dos mísseis modelo S-300 aos sírios "desempenhará um papel estabilizador e poderá conter os mais exaltados".
Em resposta, o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, indicou a possibilidade de ação militar. Segundo ele, os mísseis ainda não saíram da Rússia: "Espero que não saiam, mas, se chegarem à Síria, saberemos o que fazer".