O proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) inicia nesta quarta-feira (8) sua retirada do solo turco, fato que é tido como um novo e decisivo passo no processo de paz que deverá pôr fim a quase três décadas de uma guerra não declarada entre o governo da Turquia e a guerrilha separatista.
O esperado é que o início desta retirada, anunciada previamente no último dia 25 de abril e que, por enquanto, não inclui o abandono das armas, seja discreto e marcado pelo segredo.
"Não vai ocorrer nada extraordinário. As forças de segurança estarão a serviço 24 horas", explicou ontem o ministro do Interior, Muammer Guler, que insistiu que esta quarta-feira será como qualquer outro dia.
Selahattin Demirtas, presidente do partido pró-curdo BDP, assegurou que os guerrilheiros (3 mil operam em solo turco e outros 2 mil em suas bases do norte do Iraque) demorarão entre três e quatro meses para se instalar por completo no norte do Iraque.
Segundo a direção militar do PKK, a retirada ocorrerá "de forma ordenada e dentro do planejado".
No entanto, em um comunicado publicado ontem, o PKK advertiu que as manobras militares do Exército no sul da Turquia "podem afetar negativamente o processo e causar reações".
O governo turco, por sua vez, deixou claro que suas forças não atuarão contra os rebeldes, mas que também não reduzirão sua presença nas regiões do sudeste da Turquia, onde se concentram a minoria curda e os combates com a guerrilha.
Para o chefe do Governo, Recep Tayyip Erdogan, esta jornada não tem tanta importância para o processo de paz como o esperado abandono das armas no futuro.
Esta retirada é parte das negociações entre Abdullah Öcalan, o líder histórico do PKK, preso desde 1999, o BDP e o serviço de inteligência turco, as quais buscam acabar com um conflito que desde 1984 já causou 45 mil mortes.
O PKK é considerado um grupo terrorista por Ancara, pela União Europeia e pelos Estados Unidos.