Rebeldes dizem que só negociam se for para Kadafi sair

Os rebeldes que estabeleceram um Conselho Nacional no leste da Líbia estão abertos a negociar a demissão ou exílio do dirigente Muamar Kadafi, disse um assessor de um líder da oposição quinta-feira.

Ahmed Jabreel, assessor do ex-ministro da Justiça Mustafa Abdel Jalil, que preside o Conselho agora sediado em Benghazi, disse que a comunidade internacional deveria criar uma zona de exclusão aérea para ajudar os rebeldes a derrubarem Kadafi, no poder há 41 anos.

"Se houver qualquer negociação, será sobre uma coisa só: como Gaddafi vai deixar o país ou renunciar para que possamos salvar vidas. Não há mais nada a negociar," disse Jabreel, que estava autorizado a falar à Reuters em nome de Abdel Jalil.

"Não vamos negociar uma solução política. Queremos que ele seja levado a julgamento, mas se não lhe dermos uma saída, sabemos que mais pessoas serão mortas", afirmou ele em Al Bayda, uma cidade costeira controlada pelos rebeldes no leste da Líbia.

O Conselho Nacional fez um apelo para que a Organização das Nações Unidas (ONU) aprove bombardeios estrangeiros contra supostos mercenários africanos a soldo de Kadafi.

Na quinta-feira, aviões militares atacaram cidades no leste do país, um dia depois de os rebeldes repelirem uma ofensiva terrestre do governo na cidade de Brega.

"Eu não acho que Gaddafi ainda esteja pensando em recuperar o leste da Líbia. Ele está tentando manter o que tem em as mãos e encontrar uma solução política", afirmou Jabreel.

Perguntado sobre Brega, Jabreel disse: "No terreno, as pessoas estão no controle. Estamos dizendo que precisamos de ataques aéreos para impor uma zona de exclusão aérea na Líbia. Com isso, as pessoas serão capazes de derrotar Gaddafi com certeza."

"Nós temos as armas, o apoio, temos quase a metade da Líbia para defendermos, por isso estamos convencidos de que podemos derrotar qualquer movimento que Gaddafi possa fazer", acrescentou.

Consenso

Os rebeldes já levaram a linha de frente para a oeste de Brega, e as forças de Gaddafi recuaram para Ras Lanuf, 660 quilômetros a leste Trípoli, segundo militares rebeldes.

"O conselho militar em Benghazi começou a se organizar, não tomou qualquer decisão de avançar para o oeste, mas está se organizando para estar pronto para qualquer desenrolar nos próximos dias", disse o assessor do ex-ministro.

Um porta-voz do conselho anunciou na quarta-feira que Abdel Jalil presidirá a assembleia de 30 representantes dos grupos rebelados. Mas esse porta-voz acrescentou que o conselho, apesar da sua intenção de se transferir para Trípoli se Kadafi cair, não é um governo provisório.

Jabreel, que como diplomata já serviu em Nova York, disse que Abdel Jalil tem viajado pelas cidades da região para obter apoios e construir um consenso sobre os planos do conselho.

"Todo mundo está dizendo a mesma coisa. Queremos uma Constituição que divida os três poderes, um Estado civil participativo que seja respeitado e respeite os outros membros da comunidade internacional", disse Jabreel.