Rebeldes iemenitas apoiados pelo Irã disseram que as instalações de petróleo na Arábia Saudita continuam sendo um alvo, depois que ataques de drones em dois grandes locais de produção reduziram a produção do reino pela metade e provocaram um aumento recorde nos preços do petróleo.
O grupo rebelde disse que suas armas podem chegar a qualquer lugar da Arábia Saudita. Os ataques de sábado (14) foram realizados por aeronaves equipadas com um novo tipo de motor, disse o grupo rebelde Houthi.
"Asseguramos ao regime saudita que nossa mão pode chegar onde quisermos e quando quisermos", disse o porta-voz dos Houthi, Yahya Saree, em comunicado. "Advertimos empresas e estrangeiros a não estarem presentes nas instalações atingidas pelos ataques, porque ainda estão dentro do alcance e podem ser alvo a qualquer momento".
Irã por trás do ataque
Os Estados Unidos divulgaram imagens de satélite e citaram informações de inteligência para alegar que o Irã está por trás dos ataques às principais instalações petrolíferas sauditas.
Autoridades americanas falaram à imprensa, sob condição de anonimato, que a direção e o alcance dos ataques estava além de qualquer coisa que os houthis já realizaram no passado.
O governo dos EUA disse que havia 19 pontos de ataque na instalação de processamento de petróleo e no campo de petróleo dos Khurais, todos no lado norte ou noroeste - sugerindo que as armas usadas vieram desta direção.
O Iraque fica ao norte e os EUA, no passado, acusaram o Irã de esconder explosivos com milícias afiliadas no país. O Iêmen fica a centenas de quilômetros ao sul.
O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, culpou o Irã logo após os ataques, mas o país persa nega envolvimento.
A Arábia Saudita ainda não culpou ninguém. Sua companhia estatal de petróleo, Saudi Aramco, deve atualizar a situação ainda nesta segunda-feira. O ataque atingiu a maior instalação de processamento de petróleo do mundo em Abqaiq e comprometeu 5% a produção mundial de petróleo, o que elevou o preço do barril do petróleo para mais de US$ 71.
Dúvidas sobre a resposta
O governo Trump e os líderes sauditas agora enfrentam uma difícil escolha de como responder ao Irã ou a seus representantes sem desencadear um conflito mais amplo que pode sair do controle com consequências potencialmente devastadoras para os mercados globais de petróleo e a economia mundial. Nenhum dos países deu uma dica de como vai agir.
"Não há grande resposta aqui", disse Aaron David Miller, membro sênior do Carnegie Endowment for International Peace. "A questão é como os EUA navegam entre não permitir que esse precedente permaneça, por um lado, e impedir futuros ataques sem escalar o conflito. E a resposta é que não há resposta".
Impacto na indústria petrolífera
O secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Mohammad Barkindo, disse nesta segunda-feira que a Arábia Saudita conteve a situação até o momento. Em entrevista à TV Bloomberg, o secretário-geral ainda garantiu que o país dispõe de "amplos estoques".
Barkindo afirmou, também, que o atual foco da Opep+, que reúne o cartel e outros grandes produtores como a Rússia, é garantir a segurança da oferta. Ele ressaltou, contudo, que o grupo não tem planos de convocar uma reunião de emergência, embora esteja monitorando o assunto de perto.
Segundo ele, para a Opep, não há pânico nos mercados, pois o salto nos preços do petróleo, que chegou a quase 20%, foi apenas uma reação inicial.
Trump disse no Twitter, no domingo, que autorizou a liberação de petróleo da Reserva Estratégica de Petróleo, se necessário, "em uma quantidade a ser determinada, suficiente para manter os mercados bem abastecidos".
O estoque de cerca de 645 milhões de barris de petróleo e derivados poderia ajudar a atender à demanda durante o tempo que os sauditas levariam para reparar as instalações.
A Arábia Saudita entrou na guerra civil do Iêmen em 2015 para afastar os rebeldes houthis que capturaram a capital, Sana'a. Apesar do devastador bombardeio aéreo e do apoio a grupos no terreno, o país tem sofrido para restabelecer o governo internacionalmente reconhecido do presidente iemenita, Abd Rabbuh Mansur Hadi. A coalizão liderada pela Arábia Saudita sofreu quebras nas últimas semanas, com aliados virando-se contra eles, enquanto os EUA disseram que estão tentando conversar diretamente com os houthis sobre o fim da guerra.
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