Rebeldes líbios capturaram na quarta-feira uma aldeia ao sul de Trípoli, enquanto outro grupo avançava pelo leste na direção da capital, na maior ofensiva das últimas semanas contra o bastião do regime de Muamar Kadafi.
Fazendo disparos para o alto com seus rifles, os rebeldes entraram celebrando na aldeia de Al Qawalish, pouco mais de cem quilômetros a sudoeste de Trípoli, após travarem seis horas de batalha contra as forças governistas que controlavam a localidade.
Ao passarem por um posto de controle abandonado às pressas pelas forças oficiais, que ali deixaram tendas e até um pão meio comido, os rebeldes rasgaram as bandeiras verdes que simbolizam a Líbia de Kadafi, segundo relato de um repórter da Reuters no local.
Mais ao norte, no litoral, os rebeldes continuaram rumando para oeste a partir da cidade de Misrata, e chegaram a cerca de 13 quilômetros do centro da vizinha Zlitan, onde há um grande contingente de soldados de Kadafi.
Mas esse grupo foi atacado por intensos disparos de artilharia. Médicos no hospital Al Hekma, no centro de Misrata, para onde são levados os corpos vindos da linha de frente, disseram que 14 combatentes morreram na quarta-feira, e que outros 50 ficaram feridos.
Kadafi, no poder há 41 anos, resiste há cinco meses a uma rebelião contra o seu regime, e desde março sofre também bombardeios aéreos da Otan. A nova ofensiva coincide com relatos de que ele estaria negociando um acordo que incluiria sua renúncia.
Seu governo nega que tais negociações estejam ocorrendo, e a Otan disse desconhecer tratativas de Kadafi para renunciar.
Na quarta-feira, um alto funcionário do governo líbio afirmou à Reuters que uma solução pode ser alcançada até o começo de agosto, mas não disse quais seriam os termos.
Os avanços rebeldes ocorrem após semanas de combates praticamente estáticos. Ainda há forças bem armadas defendendo o acesso a Trípoli, e avanços anteriores dos rebeldes acabaram sendo estancados, ou mesmo transformados em recuos.
Mas, tendo assumido o controle de Al Qawalish, os rebeldes poderão avançar para nordeste na direção da cidade de Garyan, por onde passa uma importante rodovia que leva à capital. A TV estatal líbia disse que aviões da Otan bombardearam alvos em Garyan na quarta-feira.
Um comandante de uma unidade rebelde que liderou o ataque de quarta-feira, Maktar Lakder, disse à Reuters que as forças rebeldes pretendem avançar para Garyan dentro de uma semana.
A rebelião na Líbia é a mais violenta entre as revoltas da chamada "Primavera Árabe". Kadafi diz que os rebeldes são bandidos armados e militantes da Al Qaeda, e que a ação militar da Otan é uma agressão colonial por parte de governos interessados em se apropriarem do petróleo líbio.
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