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guerra na Líbia

Rebeldes líbios negam contato com governo de Kadafi

O líder opositor líbio Mahmoud Jibril negou nesta quarta que os rebeldes estejam negociando com o governo de Muamar Kadafi para encontrar uma forma de encerrar o conflito na Líbia. Jibril, chefe da diplomacia rebelde, também disse que não vê qualquer razão para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) interromper seus ataques aéreos durante o mês sagrado islâmico do Ramadã. "Toda essa história sobre negociações ocorrendo entre o regime e o Conselho Nacional de Transição são afirmações totalmente falsas", afirmou. O Conselho Nacional de Transição é o organismo político criado pelos rebeldes.

Jibril fez referência aos comentários feitos na terça-feira pelo primeiro-ministro francês, Francois Fillon, sobre os esforços iniciados pela Rússia e pela União Africana (UA) para mediar as negociações entre rebeldes e governo. O ministro de Relações Exteriores da França, Alain Juppé, citando emissários do governo líbio, disse que Kadafi estava preparado para deixar o poder. Em Washington, o Departamento de Estado também afirmou que estava conversando com enviados que afirmavam ser representantes de Kadafi.

Mas Jibril desconsiderou o significado de tais contatos. "Até onde eu sei, ainda não há uma iniciativa coerente e politicamente ampla sobre a mesa", disse ele após reunião com o ministro de Relações Exteriores da Bélgica, Steven Vanackere. Hoje, em Bruxelas, os governos da Bélgica, Holanda e Luxemburgo reconheceram o Conselho Nacional de Transição como o representante legítimo do povo líbio.

Os rebeldes querem mais apoio aéreo da Otan para abrir caminho para seu avanço na direção de Trípoli, a capital do país. Jibril disse que não há razão para qualquer pausa nas ações da aliança militar durante o Ramadã, que começa em 1.º de agosto. A Otan teme que bombardear um país muçulmano durante o mês sagrado de orações, reflexões e jejum possa provocar reações no mundo árabe.

"Não há nada na religião que proíba a luta durante o Ramadã", declarou Jibril após encontro com graduadas autoridades da União Europeia (UE), dentre elas o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. Mais cedo hoje, uma delegação de opositores líbios se reuniu com o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, que declarou que a aliança militar vai manter os bombardeios na Líbia enquanto as forças de Kadafi ameaçarem civis. "Enquanto a ameaça continuar, temos de lidar com ela."

Ataques

Rebeldes líbios bombardeavam na noite de hoje (horário local) a cidade de Asaba, para onde tropas do líder Muamar Kadafi haviam recuado, após não terem conseguido recapturar a aldeia de Gualish. Escondidos nas colinas sobre a estratégica cidade, que fica no caminho para Trípoli, os rebeldes faziam disparos com armas pesadas e leves. Tropas ligadas a Kadafi respondiam com foguetes Grad, informou um correspondente que acompanha os rebeldes.

O grupo de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) disse hoje que rebeldes líbios estão saqueando lojas e clínicas e ateando fogo em casas de supostos partidários do governo em algumas das cidades tomadas por eles nas montanhas oeste do país. As descobertas foram reveladas no momento em que os rebeldes ampliam sua área de controle no oeste e se aproximam da importante rota de suprimentos para Trípoli.

O relatório do HRW, baseado em entrevistas com combatentes locais e moradores, diz que após tomar as cidades, as forças rebeldes queimaram uma série de casas que seriam de partidários de Kadafi e levaram produtos de lojas e instalações médicas.

O porta-voz do Conselho Nacional de Transição, sediado em Benghazi, a mais de 1.000 quilômetros de distância, negou em princípio que combatentes contrários a Kadafi estejam envolvidos no caso. "Essas ações foram realizadas por indivíduos que não representam o conselho nem a revolução de 17 de fevereiro", disse ele, referindo-se ao levante contrário a Kadafi. Ele reconheceu, porém, que "pode ter havido um erro" e disse que se houver provas, os envolvidos serão levados à Justiça.

Em um caso citado no relatório, o HRW testemunhou cinco casas em chamas na vila de Qawalish, que foi tomada pelos rebeldes em 6 de julho. Também foram vistos homens enchendo um caminhão com produtos de uma loja. Nove dias mais tarde, outras nove casas foram incendiadas. O HRW disse também que instalações médicas em outras cidades também foram saqueadas e alvo de vandalismo. "Basicamente, pegamos tudo", disse um médico rebelde em Awaniya ao grupo de direitos humanos. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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