O Conselho Nacional de Transição (CNT) na Líbia, órgão político dos rebeldes no país, anunciou neste domingo que o fim do regime de Muamar Kadafi está "muito próximo", pois os combatentes do movimento insurgente já chegaram à capital, onde iniciaram a chamada "operação para a libertação de Trípoli".
"Temos contatos com os íntimos do coronel Kadafi e tudo indica que o fim está muito perto. Este fim poderia resultar catastrófico para ele e seus seguidores, o que significa que ele seria capaz de criar uma situação de anarquia em Trípoli", declarou o presidente do CNT, Mustafa Abdel Yalil.
Essas palavras foram pronunciadas na cidade de Benghazi, considerada a "capital" dos revolucionários líbios, poucas horas antes dos primeiros combates entre os insurgentes e as forças leais a Kadafi dentro de Trípoli.
Um dos rebeldes, que se identificou como Abu Bakr el Misrata, declarou à emissora de televisão "Al Jazeera" que o levante em Trípoli começou na noite de sábado "no coração da cidade", diante da iminente chegada das forças rebeldes.
O representante rebelde destacou que os primeiros combates entre os insurgentes e as brigadas fiéis ao regime já ocorreram em vários bairros. "Houve troca de fogo de armas leves e lança-granadas durante toda a noite e até o início da manhã de hoje", afirmou.
Segundo ele, os enfrentamentos armados tinham ocorrido sobretudo nos bairros de Tajura e de Souk al Jumah.
Já o porta-voz da Aliança de 17 de Fevereiro, Mohammed Abderaman, informou sobre combates em sete bairros da capital e afirmou que os rebeldes haviam conseguido tomar a base aérea de Matica.
A "Al Jazeera", citando fontes rebeldes, informou que os insurgentes tinham capturado 35 membros das forças do regime vivos durante a noite, antes de assumir o controle total de Tayura, na periferia oriental da capital.
A emissora de televisão árabe também anunciou que, após os primeiros combates, os aviões militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) fizeram ataques contra determinados alvos em Trípoli, mas não mencionou quais eram eles.
O porta-voz do Governo líbio, Moussa Ibrahim, minimizou a importância dos incidentes deste fim de semana ao afirmar neste sábado à noite que os combates eram apenas "pequenos enfrentamentos entre pequenos grupos, que duraram somente meia hora".
Ibrahim indicou que as forças do regime, com o apoio de "voluntários", conseguiram vencer e ressaltou que a capital permanece "totalmente segura". "Alguns combatentes estrangeiros recrutados pelos rebeldes foram capturados vivos", acrescentou.
Pouco depois, o coronel Kadafi voltou a acusar a Otan de querer controlar o petróleo da Líbia. Em mensagem de áudio emitido nesta madrugada pela televisão líbia, o líder pediu ao povo uma contraofensiva para expulsar os rebeldes.
"É preciso pôr fim a esta farsa. Vocês devem marchar por milhões para libertar as cidades destruídas", exclamou Kadafi, que chamou os rebeldes de "ratos" e "agentes do Ocidente". "(Os rebeldes) perderam, gastaram tudo e seu último recurso é sua campanha de mentiras", acrescentou.
Mais tarde, o filho mais velho do líder, Seif al Islam Kadafi, fez declarações à televisão estatal líbia nas quais pediu novamente a abertura de um diálogo entre o Governo e os rebeldes, mas descartou que o regime "levante a bandeira branca da rendição".
"Se vocês querem a paz, estamos preparados, mas saibam que jamais abandonaremos a luta", declarou Saif em seu discurso televisivo.
Mas o presidente do CNT, Mustafa Abdel Yalil, longe de mostrar algum interesse quanto a uma solução negociada, convocou as forças insurgentes a se prepararem para "a última batalha".
Com a expectativa de que a capital da Líbia seja dominada pelos rebeldes em breve, Abdel Yalil pediu aos combatentes que não realizem saques em Trípoli e que se comprometam a proteger os bens públicos e privados, além das instituições.
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