Rebeldes da Líbia querem instalar uma democracia parlamentar no lugar do regime do ditador Muamar Kadafi, de acordo com o vice-presidente do Conselho Nacional Provisório, Abdel-Hafidh Ghoga. A afirmação tenta afastar temores do Ocidente de que o movimento poderia ser corrompido por extremistas islâmicos. "Os líbios querem uma democracia civil, que não seja baseada na violência e não uma ditadura", disse.
Muitos países ocidentais questionaram o caráter e objetivos do movimento. Ataques aéreos internacionais atingiram as forças de Kadafi, mas não foram suficientes para que os rebeldes se sobrepusessem às tropas do ditador. Por isso as autoridades ocidentais estão discutindo se o próximo passo deve ser armar os rebeldes.
Em Washington, o presidente da Comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes está entre os legisladores que alertaram os Estados Unidos e seus aliados para que conheçam melhor as forças rebeldes antes de armá-las. Mi ke Rogers (Partido Republicano, Michigan) disse à rede de televisão NBC que pode haver membros da Al-Qaeda entre os rebeldes, de modo que as forças de coalizão lideradas pela Otan devem ser cautelosas.
A oposição da Líbia disse que os extremistas devem ser uma pequena minoria, até porque as campanhas de punição de Kadafi esmagaram militantes islâmicos no país anos atrás.
O secretário de relações exteriores do Reino Unido, William Hague, disse que seu país não deve armar os rebeldes nem enviar tropas à Líbia. No sábado, um grupo diplomático britânico foi à capital dos rebeldes, Benghazi, para falar com o conselho dos membros da oposição e conhecer seus objetivos.
O vice-presidente do Conselho Nacional Provisório, Abdel-Hafidh Ghoga, insistiu que, embora reconheçam a importância do Islã, "não há espaço para um Estado islâmico na Líbia". "Queremos um Estado democrático baseado em um sistema multipartidário, na transferência pacífica de poder, na separação dos poderes, e que a Líbia tenha uma constituição", disse.
Confrontos
Os conflitos de ontem se concentraram no entorno da cidade de Brega, estratégica na produção de petróleo, como tem ocorrido há semanas. Os rebeldes, apoiados por ataques aéreos, fizeram avanços expressivos.
A cidade de Sirte, terra natal de Kadafi, continua sendo um bastião de suporte ao ditador. As forças governamentais atingiram Misrata com foguetes e outros tipos de artilharia, tendo como alvo a área civil de Qasr Ahmad e um porto. Antes do nascer do sol, duas bombas caíram num hospital de campanha, matando uma pessoa e ferindo 11.
Em Trípoli, um apoiador da oposição disse que a ansiedade está se espalhando e dezenas de pessoas desaparecem em incursões antes do alvorecer, aparentemente levadas pelo aparato de segurança de Kadafi.