Aos gritos de "fascistas" e "enforquem eles em uma árvore" soldados ucranianos capturados por rebeldes pró-Rússia foram arrastados ontem pelas ruas de Donetsk, no leste do país. Pessoas que assistiam ao "desfile" jogavam ovos, tomates e garrafas de água nos representantes do governo de Kiev. Ao mesmo tempo, ucranianos celebravam na capital os 23 anos da independência da Rússia, ressaltando as tensões entre o leste e o este do país.
No "desfile" promovido em Donetsk, dois caminhões de água seguiam as dezenas de soldados ucranianos capturados, "limpando" o chão por onde eles haviam passado. O líder dos rebeldes, Alexander Zakharchenko, enviou uma mensagem de deboche ao governo de Kiev. "Eles disseram que realizariam um desfile hoje, no dia da independência da Ucrânia. De fato, eles marcharam em Donetsk, mas não foi um desfile", disse.
O grupo de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch disse que o evento promovido no bastião rebelde é uma violação das leis humanitárias. Rachel Denber, porta-voz da organização, citou um artigo da Convenção de Genebra que proíbe "ultrajes à dignidade pessoal, em especial tratamento humilhante e degradante" a cativos de conflitos armados. "Isso pode ser considerado um crime de guerra", alertou.
Tensão
O ressentimento entre a população no leste do país tem crescido nos últimos meses, com os ataques promovidos pelo Exército ucraniano, que já deixaram pelo menos 2 mil civis mortos desde abril, segundo números da Organização das Nações Unidas (ONU). Em Donetsk, cerca de 300 mil pessoas já deixaram a cidade e o restante da população que antes do conflito somava quase 1 milhão sofre há semanas com a falta de água e eletricidade.
Ontem, ataques aéreos destruíram vários prédios residenciais, um hospital e uma mesquita em Donetsk, embora não haja relato de mortos. O governo ucraniano nega responsabilidade por quaisquer ataques contra prédios residenciais e hospitais. A situação é ainda pior em Luhansk, cidade de quase 250 mil habitantes que fica mais próxima da fronteira com a Rússia. Quase 70 civis foram feridos em conflitos neste fim de semana.
Enquanto isso, em Kiev quase 20 mil pessoas se reuniram para celebrar a independência da Ucrânia, enquanto o presidente do país, Petro Poroshenko, anunciava um aumento nos gastos militares. Ele também visitou no mesmo dia a cidade de Odessa, que fica no sul do país, onde predomina a população de origem russa.
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