Rebeldes caminham em direção à Goma, no Congo| Foto: Michael Arunga / World Vision / Reuters
Tropas do governo seguem para o sul em uma retirada de tanques
Jovens congolenses refugiados jogaram pedras em tanque da ONU
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Os rebeldes do Congo se aproximaram nesta terça-feira (28) da capital provincial Goma, no leste do país. O avanço ocorre apesar de eles terem sido atacados por mantenedores de paz da ONU em helicópteros. Ao mesmo tempo, tropas do governo seguiam para o sul em uma retirada de grandes proporções, em tanques, caminhões e a pé. Mais tarde nesta terça-feira, as próprias tropas da ONU começaram a se retirar da região. Na tarde, jovens congoleses refugiados jogaram pedras em três tanques da ONU, que se retiravam do fronte de batalha, perto de Kibati.

Dezenas de milhares de civis tomaram as rodovias, temendo o exército rebelde com reputação de brutalidade. Várias crianças e até bebês no colo dos pais fugiam da violência. Milhares passavam a noite no chão lamacento, sem proteção. Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), 30 mil congoleses já fugiram dos confrontos e estão em um campo de refugiados de Kibati, 10 quilômetros ao norte de Goma. Segundo a Cruz Vermelha do Congo, centenas de refugiados, na maioria mulheres e crianças, estão atravessando todos os dias a fronteira com Uganda, onde buscam refúgio.

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Os ataques dos mantenedores de paz ocorreram na segunda-feira, com a intenção de que os rebeldes não tomassem Kibumba, uma vila 48 quilômetros ao norte de Goma. Porém civis em fuga disseram que a tomada ocorreu da mesma forma. Um porta-voz dos rebeldes, Bertrand Bisimwa, disse que eles estão agora a 20 quilômetros de Goma.

Na segunda-feira, mantenedores de paz atiraram para o alto enquanto um escritório da ONU era atacado com pedras. Líderes locais disseram que três pessoas foram mortas no incidente. Milhares de pessoas protestavam contra a ONU, por não conseguir proteger a população do rebeldes, apesar de uma missão de 17 mil capacetes azuis no país.

O general desertor Laurent Nkunda planeja tomar Goma, cidade de 600 mil habitantes na fronteira com Ruanda. Nkunda chegou a assinar um cessar-fogo com o governo em janeiro, porém depois voltou atrás, argumentando que não há interesse das autoridade em proteger os tutsis. Milicianos hutus que fugiram de Ruanda para o Congo após perpetrarem o massacre de Ruanda, em 1994, estariam ainda perseguindo a outra etnia.

Mais de 200 mil pessoas tiveram que deixar suas casas nos últimos dois meses no Congo, segundo a ONU. A cólera e a diarréia mataram dezenas de pessoas, e as que sobrevivem em geral vivem na miséria nessa área. As informações são da Associated Press.