A maioria dos rebeldes sírios se retirou nesta quinta-feira do distrito sitiado de Baba Amro, em Homs, após um cerco de 26 dias por parte das forças do presidente Bashar al-Assad, informaram ativistas em contato com os combatentes.
Eles disseram que alguns combatentes ficaram para trás no local para dar cobertura à "retirada tática" de seus companheiros. Forças sírias mais uma vez bombardearam Baba Amro mais cedo nesta quinta-feira, apesar da preocupação mundial com a situação dos civis presos no distrito.
"O Exército Livre Sírio e todos os outros combatentes deixaram Baba Amro, eles se retiraram", disse um ativista em Homs.
Um comunicado em nome dos combatentes pediu ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha e outros grupos humanitários que entrem no distrito e levem ajuda a 4 mil civis que ficaram em suas casas destruídas.
"Advertimos o regime sobre qualquer retaliação contra civis e consideramos o regime totalmente responsável pela segurança deles", segundo o comunicado.
A cidade estava coberta de neve, tornando mais lento um ataque por terra iniciado na quarta-feira, mas ao mesmo tempo piorando a miséria dos residentes que já estão com falta de alimentos, combustível, energia elétrica, água e telefone, disseram ativistas.
Relatos da cidade não puderam ser imediatamente verificados devido às restrições do governo à presença de jornalistas na Síria.
Assad está cada vez mais isolado na sua luta para reprimir a insurreição armada que agora lidera uma revolta popular que já dura um ano, contra quatro décadas de domínio duro de sua família.
Mas ele ainda tem alguns aliados. Rússia, China e Cuba votaram contra a resolução adotada pelo Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que condenou a Síria por violações que podem representar crimes contra a humanidade.
Uma autoridade libanesa próxima a Damasco disse que o governo de Assad estava determinado a retomar o controle de Homs, a terceira cidade Síria, que fica próxima à principal estrada norte-sul.
"Eles querem tomá-la, não importa o que aconteça, sem restrições, a qualquer custo", afirmou a autoridade, que pediu para não ser identificada.
Segundo ela, uma derrota para os rebeldes em Homs deixaria a oposição sem nenhuma grande base forte na Síria, diminuindo a crise para Assad, que permanece confiante de que poderá sobreviver.
O Conselho Nacional Sírio, de oposição, disse ter formado um escritório militar para supervisionar e organizar grupos armados anti-Assad sob uma liderança unificada.
"A criação de um escritório militar foi decidida por todas as forças armadas na Síria", disse o líder do CNS, Burhan Ghalioun, durante uma entrevista coletiva em Paris. "Seremos como um Ministério da Defesa."
O CNS tem sido criticado por alguns sírios por não apoiar abertamente a luta armada liderada pelo pouco organizado Exército Sírio Livre, composto por militares desertores e outros insurgentes. Não houve comentários imediatos do Exército rebelde.
Com as forças de Assad fechando o cerco sobre os rebeldes em Homs, o CNS apelou por ajuda na noite de quarta-feira, pedindo que o enviado da Liga Árabe e da ONU para a Síria, Kofi Annan, vá a Baba Amro "nesta noite".
Em Nova York, Annan disse que esperava visitar a Síria em breve e insistiu que Assad se junte aos esforços para acabar com as turbulências.
A Síria, que negou nesta semana a entrada da chefe de ajuda humanitária da ONU, Valerie Amos, adotou uma abordagem cuidadosa em relação a Annan.
A agência de notícias estatal SANA citou o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Jihad al-Maqdisi, dizendo que o governo estava "esperando um esclarecimento da ONU sobre a natureza de sua missão".
O Ministério também afirmou que estava pronto para discutir uma data para a visita de Amos, ao invés da data "inconveniente" que ela gostaria.
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