Horas depois do início de um cessar-fogo na Síria intermediado entre Estados Unidos e Rússia, um grupo rebelde disse ter sido atacado neste sábado por forças do regime de Bashar al-Assad perto de Damasco. Fares Bayoush, chefe da facção Fursan al-Haqq que luta junto ao Exército Livre da Síria, afirmou que as contínuas violações poderiam levar ao fim do acordo de trégua. O Exército sírio, no entanto, nega ter violado o acordo. Mesmo com os incidentes, grande parte do país amanheceu sem bombardeios, mas os combates em áreas controladas pela Frente al-Nusra, braço sírio da al-Qaeda, e o Estado Islâmico (EI) - excluídos da trégua - continuam. Seguindo o combinado, a Aviação russa anunciou a suspensão de todos os ataques aéreos nas regiões em poder dos rebeldes armados desde o horário marcado para o início da trégua.
“A Aviação russa parou completamente seus bombardeios na zona verde, ou seja, nas áreas onde estão os grupos armados que haviam pedido um cessar-fogo”, declarou Serguei Rudskoi, representante das Forças Armadas do país.
Outro grupo insurgente no Noroeste do país disse ter sido alvo de ataque das forças governamentais, no qual três combatentes morreram enquanto se defendiam. O incidente ocorreu às 4h do sábado no horário local (23h de sexta-feira em Brasília). Segundo o porta-voz da facção rebelde, Fadi Ahmad, o ataque foi realizado na província de Latakia, perto da fronteira com a Turquia. O Exército sírio não foi imediatamente encontrado para comentar a acusação.
Além disso, a explosão de um carro-bomba perto de uma área controlada pelo governo no Centro do país deixou dois mortos e quatro feridos, informaram a agencia estatal de noticias e ativistas opositores. Nenhum grupo assumiu a autoria do atentado, que ocorreu em Salamiyeh, mas o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que monitora o conflito no país, disse que o ataque tinha sido realizado pelo EI.
Intensos ataques antes da trégua
Nesta sexta-feira (26), o país sofreu com intensos confrontos, incluindo ataques aéreos em regiões dominadas por grupos rebeldes horas antes do início do cessar-fogo. Mas o Alto Comitê de Negociações (HCN), que reúne diversos grupos de oposição ao regime de Bashar al-Assad, assegurou que cerca de cem facções rebeldes aceitaram o acordo de trégua temporária. Mas pediram que o governo sírio respeite o pacto e deixe de atacar os rebeldes.
No entanto, a Frente al-Nusra, braço sírio da al-Qaeda, rejeitou o acerto pelo fim das hostilidades e pediu que os insurgentes intensifiquem os ataques contra o governo e seus aliados. Em mensagem de áudio veiculada pela Orient News TV, o líder da al-Nusra, Abu Mohamad al-Golani, disse que se a guerra na Síria não for resolvida, as consequências vão se espalhar para muçulmanos sunitas em outras partes da região. Ele também afirmou que o plano sinalizava o início de um processo político para manter Assad no poder.