Rebeldes sírios dispararam morteiros nesta quarta-feira (7) contra o palácio do presidente Bashar al-Assad, na capital, Damasco, mas erraram o alvo. O ataque foi uma demonstração da crescente audácia das forças que lutam para pôr fim aos 42 anos da família Assad no poder.

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Moradores de Damasco disseram que os ataques com armas de pesado calibre tinham aparentemente como alvo o palácio, mas atingiram o bairro residencial vizinho de Mezze 86, habitado por sírios da vertente muçulmana alauíta, à qual pertence Assad. Segundo a mídia estatal, que descreveu o ataque como terrorista, pelo menos três pessoas morreram e sete ficaram feridas.

Os rebeldes têm concentrado esforços em ações contra símbolos do regime de Assad, como seu palácio. Um atentado em julho no qual foram mortos quatro importantes membros do governo foi seguido por um avanço dos insurgentes em Damasco, mas depois eles foram parcialmente expulsos pelas forças do governo.

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Esta semana os combatentes da oposição, de maioria sunita, intensificaram os ataques na capital, colocando bombas em pelo menos duas áreas habitadas por alauítas e matando duas pessoas próximas do governo de Assad.

A investida em Damasco ocorreu um dia depois de ataques letais em bairros segregados da capital, agravando a divisão do país entre os alauítas --que governam o país desde os anos 1960-- e os sunitas, líderes da revolta de 19 meses contra o regime da família Assad. A vertente alauíta é uma ramificação do xiismo e tem o apoio do Irã.

A fumaça era visível no enclave alauíta, conhecido como Mezze 86 e situado perto do palácio presidencial.

"As ambulâncias estão indo para a área e a shabbiha (milícia pró-Assad) está disparando para o ar com fuzis automáticos", afirmou uma dona de casa que não quis identificar-se.

A TV estatal síria informou que o ataque foi realizado com morteiros, mas não deu detalhes.

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Na terça-feira, um carro-bomba explodiu perto de uma mesquita em Al-Qadam, um bairro sunita da classe trabalhadora, na capital, matando e ferindo dezenas de pessoas, segundo ativistas da oposição.

A área de Al-Qadam, de onde operam os rebeldes, tem sido alvo de pesada barragem de artilharia do Exército sírio nas últimas semanas. A aviação síria também vem bombardeando a região.

Barragens de artilharia e bombardeios aéreos por parte dos militares sírios arruinaram distritos inteiros de Damasco, bem como cidades e vilas em várias partes do país.

Entretanto, apesar de seu poder de fogo, o regime sírio não parece estar prestes a esmagar os rebeldes, que detém armamento leve e até o momento mostraram não ser capazes de destituir o líder sírio.

O levante contra o autocrático regime de Assad e seu falecido pai, no poder há 42 anos, já causou mais de 32 mil mortos e deixou muitas partes da Síria em ruínas. O conflito colocou Estados Unidos e Rússia em polos antagônicos e divide as potências regionais do Oriente Médio, ampliando a distância entre os muçulmanos xiitas e os sunitas.

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