Militantes islâmicos na Somália bloquearam dois comboios do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) que levavam auxílio emergencial com alimentos para vítimas da seca este mês, afirmaram fornecedores e um rebelde. Moradores de Baidoa, reduto do grupo rebelde Al Shabaab, disseram ter visto os militantes descarregando os alimentos de dezenas de caminhões para armazéns na quinta-feira (15). Fontes entre os funcionários de ajuda humanitária afirmaram que o Al Shabaab queria verificar a qualidade dos alimentos. Entretanto, a ação alvejando os comboios do CICV suscitou a possibilidade de que a organização entre em uma longa lista de grupos internacionais barrados de operarem dentro de áreas controladas por rebeldes na Somália. "A alegação deles de verificar a qualidade da comida é enganosa. A intenção deles é muito clara: eles estão buscando justificativas para banir a agência, como já ocorreu antes", disse um fornecedor do CICV sob a condição de anonimato. O CICV informou em agosto que estava intensificando suas operações emergenciais de distribuição de alimentos nas regiões centrais e do sul da Somália para ajudar outras 1,1 milhão de pessoas atingidas pela seca e pela guerra. Normalmente, o grupo tem bom acesso nas regiões do centro e do sul do país, boa parte delas controladas pelos insurgentes ligados à Al Qaeda e é incomum que seus comboios sejam parados.
Detidos Um grande comboio ainda estava detido na região de Middle Shabelle, na Somália, depois de ter sido interceptado este mês.
"Os combatentes do Al Shabaab nos cercaram. Eles não libertarão o comboio antes que venha uma decisão de seus líderes", afirmou à Reuters por telefone um motorista de caminhão, que não quis dar o seu nome. O comboio transportava arroz, óleo e feijão, disse o motorista, e tinha como destino a região central da Somália. A segunda coluna foi parada em Gedo, uma província no sul do país na fronteira com a Etiópia, e depois forçada a seguir para Baidoa.