Zawiyah e Benghazi - Rebeldes armados adversários de Muamar Kadafi assumiram ontem o controle de Zawiyah, perto da capital Trípoli, com o líder líbio novamente prometendo continuar no poder do seu governo, que já dura 41 anos. "O povo quer a queda do regime", gritava uma multidão de várias centenas de pessoas, usando as palavras de ordem que ecoaram em todo o mundo árabe em protesto contra governos autoritários. "Esta é a nossa revolução", acrescentavam, levantando o punho em celebração e desafio.
A cena, a apenas 50 quilômetros a oeste de Trípoli, foi mais um indício de que o poder de Kadafi está se enfraquecendo. Moradores de áreas de Trípoli montaram barricadas proclamando sua oposição ao governo, depois que as forças de segurança debandaram.
Em Benghazi, que se consolida como a capital dos rebeldes, um conselho nacional foi formado para facilitar a administração das áreas controladas e apoiar o avanço da insurreição.
De acordo com Hafiz Hoga, porta-voz da Coalizão Revolucionária 17 de Fevereiro, o objetivo do conselho é dar "uma face política ao levante. "Não é um governo de transição, mas um conselho nacional que terá sua sede em Benghazi, porque Trípoli não está livre, disse.
Contato
A secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton disse que os Estados Unidos estão tentando se comunicar com grupos de oposição na Líbia. "Estamos nos aproximando de muitos libaneses diferentes no leste do país. É cedo demais para prever resultados", disse ela antes de partir para Genebra para consultar aliados.
O Conselho de Segurança impôs, por unanimidade, a proibição de viagens e o congelamento dos bens de Kadafi e seu círculo mais próximo no sábado. O Conselho aprovou um embargo de armas e pediu que a repressão aos manifestantes fosse investigada pelo Tribunal Criminal Internacional.
Em concordância com a sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) à Líbia, o governo britânico congelou os ativos do ditador líbio , membros de sua família e de seus representantes no Reino Unido. O jornal "The Times" reportou neste fim de semana, sem citar fontes, que Kadafi depositou 3 bilhões de libras (US$ 4,8 bilhões) num fundo privado de investimentos de Londres na semana passada e possui cerca de algumas propriedades comerciais e uma mansão de 10 milhões de libras (US$ 16 milhões) na cidade.
O ditador líbio, Muamar Kadafi, rejeitou as sanções impostas pela ONU, classificando-as como inválidas e disse que a calma voltou à Líbia, à medida que territórios dominados pela oposição foram cercados.
"O Conselho de Segurança adotou uma resolução que é inválida de acordo com o Estatuto das Nações Unidas. Ela é nula", disse Kadafi ao canal de televisão sérvio Pink, num comunicado de dez minutos em árabe, dublado em sérvio. "Como é possível que o Conselho de Segurança adote uma resolução baseada num relato da mídia? Isso é inaceitável e vai contra o senso comum", acrescentou o ditador.
O número de mortes de quase duas semanas de violência na Líbia foi estimado por alguns diplomatas em cerca de 2 mil pessoas.