A rebelião de um grupo da Polícia Nacional do Equador, apoiada por ao menos uma facção militar, levou o governo equatoriano a decretar estado de exceção em todo o país por cinco dias.Os rebeldes tomaram quartéis, os principais aeroportos internacionais e a Assembleia Nacional. Na capital Quito e em Guayaquil, centro econômico do país, saques e distúrbios foram registrados. Segundo o governo, ao menos uma pessoa morreu e 6 ficaram feridas na confusão.Em dificuldades políticas, o presidente esquerdista Rafael Correa classificou a ação como uma tentativa de golpe de Estado.Correa disse ainda que estava sendo feito refém no hospital militar para onde foi levado, após ter sido alvejado com bombas de gás lacrimogêneo e uma garrafa pelos rebeldes, em Quito.
O suposto sequestro também foi denunciado pelo chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, e pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que falou com Correa por telefone.
À rádio pública, por telefone, Correa fez um apelo dramático: "Não vou retroceder. Se querem, venham me buscar aqui. Atirem em mim, e que viva a República.
"Matarão a mim, mas como dizia Neruda, poderão cortar as flores, mas não impedirão a chegada da primavera, continuou. Em seguida, denunciou uma suposta perseguição nos corredores do próprio hospital.
Até o fechamento desta edição, ele continuava no hospital. Porém, sua situação se era refém ou não não estava clara.
Bônus
A rebelião teve início pela manhã, quando policiais tomaram um regimento na capital. O motivo alegado foi a ratificação, na véspera, de uma lei que acaba com o pagamento de bônus por condecoração a oficiais da polícia e das Forças Armadas.
Os rebelados exigiam ainda a destituição do comando da força de 20 mil homens, que é subordinada ao Ministério de Governo (equivalente à Casa Civil brasileira).
Em horas, os rebeldes haviam ateado fogo em pneus e erguido barricadas em Quito, Guayaquil e outras cidades.
Ainda pela manhã, Correa foi ao encontro de um grupo de manifestantes e tentou estabelecer um diálogo, mas foi hostilizado, sofrendo ofensas verbais e sendo alvo das bombas de gás que o levariam ao hospital.
Os protestos foram engrossados por militares dissidentes. Mas o chefe das Forças Armadas, Ernesto González, garantiu lealdade a Correa. "Estamos sob um Estado de direito. Somos leais à máxima autoridade, que é o presidente, afirmou González.
O presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Omar Simon, também garantiu respaldo a Correa e afirmou falar em nome ainda da Corte Nacional de Justiça, da Assembleia Nacional e da Procuradoria-Geral.