Protestos estão marcados para Havana e pelo menos outras sete províncias cubanas, além de mais de 90 cidades em outros países| Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa
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Cuba registrou em 11 de julho as maiores manifestações contra o governo nas últimas décadas, violentamente reprimidas pela ditadura comunista: em outubro, a organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) informou em relatório que uma “estratégia brutal de repressão” implantada pelo regime após os protestos resultou em pelo menos 130 casos de detenções arbitrárias, maus-tratos e falsos julgamentos.

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Novos atos foram convocados para segunda-feira (15), que terão como pauta, além das críticas ao governo cubano, a libertação dos presos em 11 de julho. As manifestações devem ocorrer em Havana e em pelo menos outras sete províncias cubanas, além de protestos em mais de 90 cidades em outros países. Entretanto, o receio de mais repressão não permite ter uma estimativa da adesão a esses atos.

Nas últimas semanas, a ditadura cubana ameaçou ativistas com abertura de processos caso participem da mobilização. A subprocuradora-chefe da Procuradoria Provincial de Havana, Yahimara Angulo, disse que os organizadores dos atos de 15 de novembro enfrentarão “consequências legais por promover e realizar marchas ilegais”, já que a autorização para os protestos de segunda-feira foi negada pelo governo.

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“Não creio que tenha havido um ativista que não tenha recebido na porta uma intimação policial, uma ameaça, chantagem ou uma sugestão de que ele ou ela faça uma viagem. Em cada caso particular, eles procuraram uma maneira de persuadi-lo a não sair no 15 de novembro”, declarou a ativista Carolina Barrero à agência EFE.

Conhecida por suas críticas abertas ao governo, a curadora e historiadora de arte afirmou que está em prisão domiciliar há mais de 200 dias, com agentes do Departamento de Segurança do Estado (DSE, a agência de inteligência e contraespionagem) postados 24 horas por dia do lado de fora de sua porta para impedi-la de sair às ruas.

De acordo com a consultoria jurídica Cubalex, uma forte campanha de dissuasão vem ocorrendo. “As principais queixas que recebemos são sobre citações policiais e interrogatórios de pessoas que disseram publicamente que vão participar do 15 de novembro, especialmente aqueles que assinaram a carta de apoio público, que estão sendo sistematicamente perturbados”, afirmou a diretora da Cubalex, sediada em Miami, Laritza Diversent.

Reabertura do turismo e das escolas no mesmo dia

As manifestações desta segunda-feira ocorrerão no mesmo dia em que o regime promove a reabertura do turismo e das aulas nas escolas primárias, interrompidos devido à pandemia de Covid-19. Para o historiador Michael Bustamante, da Universidade de Miami, esses retornos, além dos ecos dos atos de julho, ajudam a explicar por que a ditadura intensificou a repressão aos organizadores do 15 de novembro.

“Este é o momento em que o Estado cubano está tentando virar a página de um ano muito ruim... e ao mesmo tempo você tem este grupo dizendo: ‘Não, estamos escolhendo este momento específico para pressionar por mudanças políticas’”, afirmou Bustamante à Reuters. “Acho que isso explica a intensidade da resposta do Estado.”

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A manifestação foi convocada em meio a um cenário difícil em Cuba, que passa por uma grave crise econômica refletida em longas filas de espera para comprar alimentos e produtos básicos e apagões.

O governo cubano atribui estes problemas ao embargo financeiro e comercial dos Estados Unidos. Em Cuba, os direitos de greve e manifestação raramente são contemplados fora das instituições estatais, e um protesto de opositores do governo jamais foi autorizado.

O governo dos Estados Unidos ameaçou impor novas sanções caso haja repressão às manifestações de segunda-feira.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]