O premier Berlusconi enfrenta uma série de ações na Justiça e responderá às acusações de abuso de poder, corrupção de testemunhas e outros delitos| Foto: Filippo Monteforte/AFP

Escândalo

Caso "Ruby" começa a ser decidido em 6 de abril

Apesar dos muitos escândalos, o caso que provoca mais comoção na Itália do ponto de vista judicial e político terá início no dia 6 de abril, quando o primeiro-ministro será confrontado com a acusação de prostituição de menor e abuso de poder, no escândalo da jovem marroquina "Rubi Rouba Corações".

As "orgias", às quais Berlusoni é acusado de participar, envolviam menores, prostitutas e drogas. Foram noticiadas em jornais e revistas de todo o mundo, abalando a credibilidade do premier e fornecendo munição aos opositores – tanto os de esquerda quanto os de direita – para tentar impedir a permanência dele no poder.

Um dos últimos episódios desse folhetim envolveu uma garota de programa marroquina – na época com 17 anos – conhecida como "Rubi Rouba-Corações". Mais tarde descobriu-se que seu nome real é Karima El Marough. O "Il Cavaliere" – título honorífico dado a Berlusconi por seus grandes feitos e que significa, literalmente, algo como "O Cavaleiro" – é acusado de usar de sua influência para livrar a jovem marroquina de um distrito policial em Milão.

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Milão - O chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, não compareceu ontem ao tribunal de Milão que retomou seu processo por fraude fiscal, o primeiro de uma série de ações judiciais que ele deve enfrentar nos próximos meses.

Berlusconi deve responder perante a Justiça por ter inflado artificialmente o valor de compra e venda de direitos cinematográficos e de televisão de filmes adquiridos por empresas fictícias – que, por sua vez, revendiam os títulos ao império audiovisual Mediaset, de propriedade do primeiro-ministro. Com esse sistema, o grupo criou um fundo no exterior para reduzir os lucros anuais da empresa e pagar menos impostos.

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O processo fora suspenso em abril do ano passado, após a adoção de uma lei que garantia a imunidade parlamentar a Berlusconi por 18 meses. A lei foi parcialmente anulada em janeiro pela Corte Constitucional, permitindo a reabertura da ação. "Quatro processos em Milão contra o chefe de governo é algo que não tem precedentes na Itália, é fora do normal", afirmou o deputado Niccolo Ghedini, da bancada governista.

"Há 13 anos que o defendo e ele nunca foi condenado. Não estou nem um pouco preocupado", disse à AFP Piero Longo, da equipe de advogados de defesa de Berlusconi. O premier e seus ad­­vogados – quase todos parlamentares – podem invocar o cha­­mado "legítimo impedimento" de comparecimento devido a suas atividades de governo, o que provavelmente tornará a tarefa de estabelecer um calendário de au­­diências pode se tornar ainda mais complicada.

Próximos capítulos

Após uma série de consultas, foi definida como data da próxima audiência o dia 11 de abril. Para Ghedini, é "verossímil" acreditar que Berlusconi comparecerá. O bilionário e polêmico político, que ontem estava em Milão para uma reunião com empresários, disse que gostaria de comparecer para não ser julgado à revelia. "Eu quero me apresentar, sempre quis, são meus advogados que me impedem", declarou Berlusconi, após a reunião.

Durante a audiência de ontem, os juízes solicitaram aos advogados que reduzam consideravelmente a lista de testemunhas apresentada, para que o processo tenha uma duração "razoável". No dia 5 de março, Berlusconi também deverá comparecer à Justiça para responder por um caso de abuso de poder e compra de direitos televisivos. Seis dias depois, em 11 de março, uma nova convocação, desta vez por corrupção de testemunha.

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