A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou nesta terça-feira que o reconhecimento do regime talibã no Afeganistão "não está sobre a mesa" para o G7 e que não há negociações políticas com os insurgentes, apenas conversas "operacionais" necessárias para as evacuações de Cabul.
"Há conversas operacionais que são necessárias para os procedimentos diários em torno de Cabul e do aeroporto, mas isto está completamente separado das negociações políticas ou de qualquer questão de reconhecimento", disse a política alemã em entrevista coletiva após participar da reunião extraordinária do G7 sobre o Afeganistão.
Segundo ela, o G7 é "muito claro" que tem "condições muito rigorosas" para as conversas com os talibãs e "está unido na questão de um reconhecimento que não está sobre a mesa".
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que "está cedo demais para decidir que tipo de relação é desejada com as novas autoridades afegãs", mas admitiu que será preciso "lidar" com elas se o objetivo for manter uma "influência positiva para o povo afegão" e apoiar as suas necessidades básicas.
Este acordo "estará sujeito a condições rigorosas sobre as ações e a atitude do novo regime" em relação à "manutenção das conquistas políticas, sociais e econômicas para os cidadãos afegãos e os seus direitos humanos, em particular para as mulheres, meninas e minorias" e às obrigações internacionais do país em termos de "segurança, contraterrorismo e tráfico de drogas".
Em matéria de segurança, o presidente do Conselho Europeu acrescentou que a cooperação entre a Otan e outros aliados "será fundamental", principalmente no compartilhamento de informações para evitar a entrada de combatentes estrangeiros.
Verba congelada
Também está sujeita a condições a futura ajuda ao desenvolvimento ao país por parte da União Europeia, que por enquanto congelou a verba de um bilhão de euros que prevê gastar no Afeganistão entre 2021 e 2027, disse Von der Leyen.
A ajuda permanecerá congelada até que a UE tenha "garantias sólidas e ações críveis de que as condições estão sendo cumpridas". Essas condições estão ligadas ao respeito aos valores fundamentais e direitos humanos.
A ajuda humanitária europeia, por outro lado, continuará sendo concedida para apoiar "sobretudo aqueles que estão em risco imediato", a maioria mulheres e crianças, que representam 80% dos 3,7 milhões de deslocados internos no Afeganistão.
O bloco europeu anunciou nesta segunda-feira o compromisso de quadruplicar a ajuda humanitária neste ano, para cerca de 200 milhões de euros, para lidar com as necessidades urgentes no Afeganistão e em países vizinhos.
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