A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em entrevista coletiva após reunião dos líderes do G7 sobre o Afeganistão, em Bruxelas, Bélgica, 24 de agosto| Foto: EFE/EPA/STEPHANIE LECOCQ / POOL
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou nesta terça-feira que o reconhecimento do regime talibã no Afeganistão "não está sobre a mesa" para o G7 e que não há negociações políticas com os insurgentes, apenas conversas "operacionais" necessárias para as evacuações de Cabul.

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"Há conversas operacionais que são necessárias para os procedimentos diários em torno de Cabul e do aeroporto, mas isto está completamente separado das negociações políticas ou de qualquer questão de reconhecimento", disse a política alemã em entrevista coletiva após participar da reunião extraordinária do G7 sobre o Afeganistão.

Segundo ela, o G7 é "muito claro" que tem "condições muito rigorosas" para as conversas com os talibãs e "está unido na questão de um reconhecimento que não está sobre a mesa".

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O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que "está cedo demais para decidir que tipo de relação é desejada com as novas autoridades afegãs", mas admitiu que será preciso "lidar" com elas se o objetivo for manter uma "influência positiva para o povo afegão" e apoiar as suas necessidades básicas.

Este acordo "estará sujeito a condições rigorosas sobre as ações e a atitude do novo regime" em relação à "manutenção das conquistas políticas, sociais e econômicas para os cidadãos afegãos e os seus direitos humanos, em particular para as mulheres, meninas e minorias" e às obrigações internacionais do país em termos de "segurança, contraterrorismo e tráfico de drogas".

Em matéria de segurança, o presidente do Conselho Europeu acrescentou que a cooperação entre a Otan e outros aliados "será fundamental", principalmente no compartilhamento de informações para evitar a entrada de combatentes estrangeiros.

Verba congelada

Também está sujeita a condições a futura ajuda ao desenvolvimento ao país por parte da União Europeia, que por enquanto congelou a verba de um bilhão de euros que prevê gastar no Afeganistão entre 2021 e 2027, disse Von der Leyen.

A ajuda permanecerá congelada até que a UE tenha "garantias sólidas e ações críveis de que as condições estão sendo cumpridas". Essas condições estão ligadas ao respeito aos valores fundamentais e direitos humanos.

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A ajuda humanitária europeia, por outro lado, continuará sendo concedida para apoiar "sobretudo aqueles que estão em risco imediato", a maioria mulheres e crianças, que representam 80% dos 3,7 milhões de deslocados internos no Afeganistão.

O bloco europeu anunciou nesta segunda-feira o compromisso de quadruplicar a ajuda humanitária neste ano, para cerca de 200 milhões de euros, para lidar com as necessidades urgentes no Afeganistão e em países vizinhos.