O Brasil mantém sua aposta em uma saída negociada para a questão nuclear do Irã, mesmo com os recentes sinais emitidos pela China de que poderá apoiar a imposição de sanções contra Teerã pelo Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
A China era o único dos países do P5+1 - os cinco membros permanentes do CS e a Alemanha - que resistia à ideia de retaliações e apostava na solução negociada, mesma linha defendida pelo Brasil. A Rússia reconfirmou sua posição a favor de sanções nesta semana, após o fracasso de uma iniciativa conjunta com a China de trazer o Irã para a mesa de negociações.
Os movimentos de Pequim e de Moscou não foram suficientes para mudar a aposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em 15 de maio, fará uma visita oficial a Teerã. Até lá, a questão deverá estar definida no CS. Na terça-feira, no Rio de Janeiro, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, expôs demoradamente ao diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) Yukiya Amano, sua convicção de que ainda há espaço para levar o Irã a uma negociação ampla com a comunidade internacional.
O primeiro passo dessa empreitada seria um acordo de troca do estoque iraniano de urânio levemente enriquecido por combustível nuclear enriquecido a 20%, cuja mediação da AIEA seria fundamental, na opinião do chanceler.
Amorim disse a Amano que apenas a ameaça dos Estados Unidos e de países europeus, que defendem a imposição de novas sanções, pode ser suficiente para levar o Irã ao diálogo. Retaliações mais duras, segundo o chanceler, tenderiam a radicalizar as posições dos setores iranianos favoráveis à guinada militar de seu programa atômico. Segundo um observador do encontro, ambos concordaram que é preciso manter o Irã sob pressão, para obter uma negociação do acordo.
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