O soldado israelense Gilad Shalit foi recepcionado com euforia na terça-feira (18) em Israel, depois de passar cinco anos como prisioneiro na Faixa de Gaza, mas talvez demore a se recuperar do isolamento, da falta de sol e de outros problemas, segundo o seu pai.
Noam Shalit disse que seu filho de 25 anos - que chegou pálido e magro a Israel - precisará sarar de ferimentos por estilhaços que não foram adequadamente tratados. Ele afirmou também que seus carcereiros eventualmente o tratavam de forma "dura".
"Ele passará por um processo de reabilitação. Esperamos que o processo seja o mais rápido possível", disse Noam a simpatizantes. "Esperamos que ele possa retomar uma vida normal."
A falta de luz do sol e de contato com outros seres humanos que não os carcereiros são outros problemas que podem afetar a capacidade de Shalit de retomar sua vida de onde ela parou, disse o pai dele.
O soldado parecia estupefato ao ser entrevistado pela TV egípcia - à força, segundo analistas israelenses -, ainda antes mesmo de ter a oportunidade de falar por telefone com familiares que o aguardavam em Israel.
"Não me sinto tão bem com tudo isto (...), ver tanta gente depois de tanto tempo (...) sem ter visto gente. Estou no limite", disse Shalit, em hebraico, frente a uma saraivada de perguntas em inglês e árabe.
Depois, a imprensa israelense disse que o soldado passou mal e desmaiou no helicóptero que o levou da fronteira egípcia até um quartel, onde encontrou a família. Segundo esses relatos, ele quase foi hospitalizado.
Trauma
Shalit foi capturado em junho de 2006 por militantes que entraram em Israel num túnel cavado a partir da Faixa de Gaza. Ele foi arrancado do tanque onde estava, e ficou incomunicável desde então.
O soldado foi usado como peça de barganha para negociar a libertação de 1.027 palestinos presos em Israel por causa de ataques realizados contra israelenses.
O pai dele disse que até agora Shalit ofereceu poucos detalhes sobre o tempo que passou em Gaza. "De início havia condições difíceis, e ele foi tratado com dureza, mas depois, principalmente nos últimos anos, o tratamento melhorou", afirmou o homem, sem entrar em detalhes.
O grupo islâmico Hamas, responsável pela captura do soldado, disse que sempre tratou Shalit bem.
Ex-prisioneiros israelenses de conflitos anteriores disseram que lidar com a recuperação da liberdade pode ser complicado. O coronel da reserva Mickey Zeifa, que foi prisioneiro de guerra no Egito na guerra de 1973, disse que Shalit talvez precise de um acompanhamento cuidadoso.
"Demora muito para a pessoa recuperar o rumo (...), vocês não devem sufocá-lo", disse ele ao jornal Yedioth Ahronoth.
"No meu caso (...), as celebrações ao meu redor, que no começo eram lisonjeiras e tocantes, me derrubaram. Às vezes a volta é um trauma em si, não menos difícil que o cativeiro."
A psicóloga Rivka Tuval-Mashiach disse ao Canal 2 da TV de Israel que Shalit precisará de tempo para absorver o fato de que se tornou uma personalidade pública durante sua ausência.
"Ele precisará de tempo até para as mudanças fisiológicas de luz e escuridão, para não ter medo de falar. Não sabemos se ele sofreu violência ou se foi torturado, mas mesmo nos primeiros momentos depois da sua volta a Israel vimos que seu estado congelado se derreteu um pouco, com um primeiro sorriso", disse ela.
Apesar de tudo, Noam Shalit parecia otimista, dizendo ter "experimentado o renascimento do filho". Acrescentou que, em termos gerais, "Gilad se sente bem" e ficou muito contente de voltar para casa.
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