A cadeia de fast-food britânica Pret a Manger, com unidades no Reino Unido e em outros países, está no centro de uma polêmica, como revela do jornal inglês The Guardian. Recentemente, o chef-executivo da rede revelou que os funcionários têm cotas para conceder gratuitamente cafés e lanches para “clientes dos quais eles gostem”.
Apesar de ser uma estratégia de marketing para parecer simpática, o mimo pegou mal e muitos têm acusado o estabelecimento de promover a discriminação.
De acordo com o chef-executivo, Clive Schlee, esta política é uma forma de fidelizar os clientes. Porém, os critérios para a seleção de quem ganha – e, mais importante, de quem não ganha – os cafés gratuitos não são claros. De acordo com Schlee, são subjetivos e definidos pelos atendentes.
A questão é que muitos britânicos têm encarado esta seleção como um ato discriminatório. Embora a legislação inglesa garanta o direito à igualdade (em razão de idade, sexo, orientação sexual, raça ou deficiência), especialistas afirmam que é difícil medir, por exemplo, se os mimos não estão indo somente para pessoas fisicamente atraentes.
Segundo o advogado Tom Draper, da Taylor & Emmet, na teoria até há como provar que os cafés gratuitos são oferecidos só para os mais jovens – propensamente mais atraentes. “Mas você teria um trabalho difícil para levar o caso [pedido de indenização] adiante. Seria preciso que um funcionário afirmasse que esse é o entendimento de toda a empresa”, disse.
Para outro advogado, Sunita Knight-Webb, da Knight-Webb, não há nada de ilegal quando se trata de atração física. “Casas noturnas, por exemplo, são famosas por selecionar as pessoas que são mais atraentes para entrar em seus estabelecimentos”, apontou para a reportagem.
Ainda assim, Draper entende que há brechas para um entendimento legal de discriminação. “Pode haver uma política de não dar café gratuito para pessoas obesas. Porém, o atendente certamente não sabe se a pessoa é obesa por uma questão de saúde. Então, tecnicamente, pode haver discriminação”.
A advogada Kiran Daurka, por sua vez, afirma não achar a seleção um problema, já que a rede tem diversidade de funcionários e, consequentemente, pluralidade de gostos.
Certo ou errado, é fato que a estratégia não é encarada como um sucesso. Para o psicólogo especializado em marcas Jonathan Gabay, a ação foi uma tentativa frustrada de a rede soar como autêntica. “Ao saber que o estabelecimento tem uma certa quantidade de cafés para doar, acaba-se esta autenticidade”, disse.
“Pessoalmente eu ficaria mais feliz com um cartão de fidelidade, porque sei como funciona”, completou.
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