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Segundo relatos de ex-reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o maior medo daqueles que passam anos nos cativeiros da guerrilha é ser esquecido por quem vive "no mundo lá fora" - trabalhando, reclamando do trânsito, tomando um café no fim do expediente e planejando férias na praia enquanto eles, os cativos, "apodrecem" em meio à selva úmida.

Hoje, é o que estão vivendo os 21 reféns ainda em poder das Farc e seus familiares, como María del Carmen Donato, de 62 anos. Mãe do coronel da polícia William Donato - que foi sequestrado em 1998 -, María se desmancha em agradecimentos por ter sido contactada pela reportagem. "Desde que foi libertada a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, os americanos e os parlamentares, ninguém mais se importa com nossos filhos, como se o drama deles fosse menos importante", diz ela.

O grupo dos chamados "reféns políticos" da guerrilha - aqueles que as Farc pretendem trocar por 500 guerrilheiros presos em um acordo com o governo - é composto hoje apenas por policiais e militares. Até 2007, as Farc mantinham mais de 60 pessoas nesse grupo - entre elas, senadores, deputados, Ingrid e três agentes terceirizados norte-americanos. Em 2008, começaram as libertações unilaterais e em julho daquele ano uma operação do governo resgatou 13 reféns.

O que aumenta o desespero das famílias é que, desde então, o tema dos sequestrados foi perdendo espaço na pauta da imprensa, ONGs e políticos. A libertação do cabo Pablo Emilio Moncayo, em março, ainda recebeu alguma atenção. Seu pai, Gustavo Moncayo, havia caminhado por toda a Colômbia e visitou vários presidentes para pedir ajuda. Mas, depois de entregá-lo, a guerrilha garantiu: essa seria a última libertação unilateral. Os reféns remanescentes só seriam soltos num acordo humanitário - o que, nas condições atuais, significa dizer que não serão soltos.

Os dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições colombianas, que será no dia 20 - o favorito Juan Manuel Santos, ex-ministro da Defesa, e o opositor Antanas Mockus -, se negam a negociar com a guerrilha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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