Uma mulher que está entre os 22 coreanos mantidos como reféns por combatentes do Talibã fez um apelo neste sábado para que a situação seja resolvida rapidamente, enquanto uma importante autoridade afegã disse que força poderá ser usada caso as negociações falhem.
A coreana, uma das 18 mulheres mantidas como reféns entre os voluntários cristãos sul-coreanos sequestrados no Afeganistão há mais de uma semana, falou à Reuters pelo telefone celular de um combatente do Talibã.
"Estamos cansados e sendo deslocados de um lugar para outro o tempo todo", disse em Dari, uma das principais línguas faladas no Afeganistão.
"Somos mantidos em grupos separados e não sabemos o que acontece com os outros. Pedimos que o Taliban e o governo nos libertem", disse.
A pronúncia do nome da refém não foi entendida pelo repórter da Reuters que falou com ela.
Antes, Munir Mangal, vice-ministro do Interior, disse que os negociadores estavam tentando dialogar mais com o Talibã.
"Acreditamos nas negociações e se o diálogo falhar, teremos que usar outros meios", disse à Reuters. Ao responder sobre a possibilidade do uso da força, disse: "Certamente."
Mangal também lidera uma equipe do governo escalada para garantir a libertação dos sul-coreanos.
Ele disse que os mediadores incluem um clérigo islâmico e que o grupo tenta convencer o Talibã a libertar os reféns sem impor condições. Também descartou a possibilidade de aceitar a exigência do Talibã de libertar insurgentes mantidos pelo governo afegão.
O Talibã estabeleceu uma série de prazos para que o governo aceite libertar prisioneiros rebeldes e matou o líder do grupo sul-coreano na quarta-feira, o pastor protestante Bae Hyung-kyu, de 42 anos.
O porta-voz do Talibã, Qari Mohammad Yousuf, disse na sexta-feira que o grupo não daria mais prazos para liberar os reféns e disse que o governo havia dado garantias de que libertaria os prisioneiros do Talibã como parte do acordo.
O porta-voz acusou o governo de "matar tempo e fazer jogo."
O principal conselheiro presidencial de segurança nacional da Coréia do Sul, Baek Jong-chun, está no Afeganistão para ajudar nos esforços de libertação dos reféns.
Os talibãs ameaçaram matar os 22 sul-coreanos às 12h de sexta-feira (4h30m de Brasília) se não houvesse um acordo. A expectativa era de algum anúncio após a oração das sextas-feiras, que terminou às 14h (6h30m de Brasília).
O grupo de missionários cristãos sul-coreanos foi seqüestrado há oito dias na província de Ghazni, quando viajava de Kandahar a Cabul.
Refém do Talibã pede ajuda por telefone
Uma mulher que está entre os 22 sul-coreanos seqüestrados pelo Talibã no Afeganistão, identificada como Yo Syun Ju, pediu ajuda, nesta quinta-feira, por telefone, para ser libertada e disse que todos no grupo "estão doentes e têm problemas". Em entrevista à rede de televisão britânica BBC, na presença dos rebeldes, ela contou que o grupo de missionários religiosos está "em dificuldades".
- Digam a eles (as autoridades) que façam algo para nos libertar - disse Syun Ju.
A refém, que diz ser de Seul, descreveu sua situação como "perigosa" e destacou que, "dia-a-dia, a coisa está ficando muito difícil".
- Queremos que os coreanos, a ONU e ativistas de direitos humanos façam nossa troca (por rebeldes do Talibã presos) - disse ela.
Exigências não são consenso entre os rebeldes
O Talibã pressiona a Coréia do Sul a tirar suas tropas do Afeganistão, com quem tenta negociar a libertação de oito rebeldes presos. Os dois países não aceitam as exigências, mas intensificaram as negociações nesta quinta-feira.
Uma fonte dos negociadores informou que há três grupos de rebeldes entre os seqüestradores, e que não há consenso entre eles sobre as exigências para libertar os reféns. Guerrilheiros das províncias Kandahar e Helmand querem apenas a troca de reféns por presos do Talibã, enquanto outros dois grupos aceitam apenas um pagamento de resgate, opção que o governo afegão tenta concretizar.
Já o governo da Coréia do Sul informou que vai retirar suas tropas no fim deste ano, conforme previsto. O país mandou um enviado seu ao Afeganistão, na quinta-feira, a fim de intensificar os esforços para libertar os missionários. A decisão sobre o envio do representante surgiu depois de os rebeldes terem matado o líder do grupo religioso.
Os reféns, seqüestrados na quinta-feira, pertencem à igreja Saemmul da cidade sul coreana de Bundang, a maioria na faixa de idade dos 20 aos 30 anos, incluindo enfermeiras e professores de inglês, seqüestrados na província oriental de Ghazni na quinta-feira. No fim de semana, os parentes dos seqüestrados reuniram-se para rezar em Seul. Eles também saíram às ruas com velas para pedir a libertação dos reféns.
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