O último presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, apoiou nesta segunda-feira o referendo realizado na Crimeia, onde a maioria arrasadora da população se manifestou a favor da união com a Rússia, porque, na sua opinião, corrigiu um erro histórico.
"Se antes a Crimeia foi incorporada à Ucrânia conforme às leis soviéticas, ou seja, segundo as leis do Partido (Comunista da URSS), sem perguntar ao povo, desta vez o povo corrigiu aquele erro", disse Gorbachev à agência "Interfax".
O último presidente acrescentou que "é preciso cumprir a vontade do povo e não introduzir sanções", em referência às pressões que os países do Ocidente pretendem exercer sobre Moscou e ao não reconhecimento da legitimidade da consulta popular na rebelde república autônoma ucraniana.
A estratégica península banhada pelo Mar Negro foi cedida à Ucrânia em 1954 pelo então líder soviético, Nikita Kruschev, quando tanto a Rússia como a Ucrânia faziam parte da URSS.
"Para impor sanções deve haver fundamentos sérios, muito sérios. E estas devem ser respaldadas pela ONU", asseverou.
Para o pai da "perestroika", "a vontade do povo da Crimeia e sua incorporação no seio da Federação Russa como entidade não é esse fundamento".
O parlamento da Crimeia aprovou hoje uma resolução pela qual se declarou independente da Ucrânia e pediu oficialmente a anexação da península à Rússia.
A declaração de independência chegou depois que 96,77% da população que participou do referendo deste domingo se pronunciou a favor da reunificação com a Rússia, uma consulta na qual 83,1% da população se manifestou.
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