O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou neste sábado que a decisão que o povo boliviano tomará em um referendo revogatório convocado para 10 de agosto será entre a continuidade do processo de nacionalização ou o retorno da privatização da economia.
O dirigente fez a advertência em um encontro com milhares de partidários na região do altiplano ocidental, diante dos quais assinou um decreto de criação das três primeiras universidades indígenas do país, que irão ministrar cursos nos idiomas nativos aimará, quechua e guarani.
Morales deu como certa a realização do referendo, no qual estarão em jogo o seu mandato e os de oito dos nove governadores de departamentos, na maioria opositores do governo central. Ele falou do referendo apesar de persistirem desentendimentos entre o Congresso e a Corte Eleitoral sobre a interpretação dos resultados da consulta.
"Nesse referendo revogatório, o que está em debate? Não é Evo Morales, não se enganem. Evo Morales é passageiro. Estão em debate programas de governo, dois modelos econômicos", disse o presidente boliviano - o primeiro dirigente indígena da Bolívia - em um discurso transmitido pela televisão estatal.
"Mais simples: nacionalização ou privatização dos recursos naturais", disse Evo Morales.
Líder dos produtores de coca, ele assumiu o poder em 2006 e pôs em ação reformas socialistas, como a nacionalização da indústria petrolífera, que é vital para o suprimento de gás do Brasil e da Argentina.
Morales argumentou que esse debate inclui uma nova política agrária, sem latifúndios, que ele procura implementar e parece ter sido um dos fatores da tenaz oposição de grupos conservadores, principalmente nas planícies do leste do país.
"Com o referendo queremos que seja aprofundada e acelerada a nacionalização e recuperação de todos os recursos naturais, porque há grupos que querem a volta dos privatizadores. Esse é o tema central e não há motivo de engano", ressaltou.
Morales, cujo combativo discurso "antiimperialista" faz com que seja equiparado ao ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, e ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, acusou a direita estabelecida em regiões lideradas pelo rico departamento de Santa Cruz de ter levantado bandeiras de autonomia somente para bloquear sua "revolução".
O presidente boliviano espera que o referendo fortaleça o seu governo e debilite os movimentos autonomistas que conseguiram bloquear seu projeto de "refundação" do país por meio de mudança da Constituição.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink