Os organizadores do referendo de independência realizado recentemente na região italiana de Vêneto - localizada no nordeste do país, com 4,9 milhões de habitantes - disseram que 2,3 milhões de pessoas (ou 73% de todos aqueles com direito ao voto) participaram da consulta, feita predominantemente on-line. E que 89% se disseram a favor da separação da Itália e da constituição de um Estado próprio. Mas três empresas de análise de rede e tráfego na web (Alexa pro, Trafficestimate e Calcustat) revelaram que a votação foi uma fraude.
O estudo, encomendado pelo jornal "Il Corriere del Veneto", se concentrou nas visitas recebidas pelo site durante os seis dias do referendo. Descobriu-se que a página recebeu 22,5 mil visitas por dia, ou seja, a quantidade de votos não poderia ultrapassar 135 mil, um número bem diferente do divulgado pelos organizadores. Além disso, a pesquisa identificou que uma das áreas que mais apoiam a independência de Vêneto é Santiago do Chile. Um em cada dez votos foram emitidos dessa cidade, enquanto muitos outros vieram da Alemanha, Espanha e Sérvia.
A conclusão dos analistas é de que os votos reais correspondem a apenas 4,3% do número indicado pelos organizadores, e que a maioria dos "participantes" são, na verdade, robôs, isto é, programas especializados em acessar sites e capazes de realizar, sozinhos, os passos necessários para votar no referendo.
"Os dados do tráfego não dizem nada. Trata-se de uma mentira descarada", criticou Gianluca Busato, um dos organizadores do referendo, de acordo com o "El Mundo". "As fontes utilizadas não são críveis."