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Nova batalha

Reforma da saúde vai para a Justiça

Obama usou 20 canetas para assinar a reforma da saúde e as distribuiu aos apoiadores do projeto: implementação de mudanças enfrenta resistências | Saul Loeb/AFP
Obama usou 20 canetas para assinar a reforma da saúde e as distribuiu aos apoiadores do projeto: implementação de mudanças enfrenta resistências (Foto: Saul Loeb/AFP)

Os democratas tiveram pouco tempo para comemorar a vitória na disputa pela aprovação da re­­forma da saúde nos Estados Uni­­dos. Ontem, logo após o presidente Barack Obama ter assinado o histórico projeto de lei, 14 estados entraram com processo na Justiça questionando a constitucionalidade da nova legislação.

Liderados pela Flórida, outros governos de 13 estados – 12 re­­publicanos e um democrata – alegaram que a reforma viola os direitos das unidades federativas garantidos pela Constituição do país.

O procurador-geral republicano da Virgínia abriu um processo separado, pedindo um juiz federal para invalidar a reforma aprovada pelo Congresso, majoritariamente democrata.

"Nunca houve um momento em nossa história em que o governo federal recebeu autoridade para exigir que os cidadãos comprem bens ou serviços’’, disse em comunicado o procurador-geral da Virgínia, Ken Cuccinelli.

O processo dos 13 estados americanos em conjunto foi aberto por via eletrônica, em um tribunal federal da Flórida.

A ação diz que a lei viola a cláusula comercial da Consti­­tuição ao exigir que quase todos os norte-americanos possuam um seguro de saúde.

Assinam a ação Flórida, Ca­­rolina do Sul, Nebrasca, Texas, Utah, Alabama, Colorado, Mi­­chigan, Pensilvânia, Washing­­ton, Idaho e Dakota do Sul. James Caldwell, procurador-geral de­­mocrata de Louisiana, também defendeu a causa.

Além das ações judiciais, a reforma tem outra etapa a superar: a votação, no Senado, de um pacote de emendas à legislação aprovada no domingo. Os debates começaram horas depois da assinatura de Obama e devem levar a uma nova disputa com a oposição.

Feito histórico

A cobertura de saúde nos Estados Unidos é discutida desde a Pre­­sidência de Theodore Roosevelt (1901-1909), mas uma reforma nunca havia sido aprovada.

O sistema americano de saúde é questionado há quase um século. Gerações inteiras de líderes, de Theodore Roosevelt a Bill Clin­­ton (1993-2001), não conseguiram a aprovação de projetos, que eram rejeitados pelos médicos e as empresas de plano de saúde.

Os EUA são o único país desenvolvido que não oferece um sistema de saúde amplo para seus cidadãos, com quase 50 milhões de americanos sem nenhum tipo de cobertura médica. Apesar de o projeto não oferecer cobertura universal, como no Brasil, ele ex­­pande a cobertura para cerca de 95% dos americanos – cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais continuarão sem assistência.

Obama afirmou que a legislação vai reduzir o déficit americano em mais US$ 1 trilhão, mas os republicanos argumentam que as mudanças vão aumentar as des­­pesas públicas. O custo estimado da nova legislação é de US$ 940 bilhões em dez anos.

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