Obama, antes de entrevista sobre a aprovação da reforma da Saúde: governo sai vitorioso na disputa com a oposição| Foto: Yuri Gripas/Reuters
Reforma da Saúde é principal promessa de campanha de Obama. Veja detalhes do projeto

Depois de uma vitória histórica na Câmara dos Representantes que pode mudar substancialmente o sistema de saúde nos EUA, o Partido Democrata do pre­­­­sidente Barack Obama já se prepara para tentar aprovar a nova legislação no Senado, onde tem uma maioria sem espaço para defecções. Na madrugada de ontem, a Câmara fez passar por 220 votos a favor (de 218 necessários) e 215 contra um projeto acalentado há décadas entre os democratas. Ele propõe universalizar o seguro-saúde nos EUA.

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A proposta encontra enorme resistência entre os republicanos e deve custar US$ 1,1 trilhão – o equivalente a 7% do produto In­­terno Bruto (PIB) dos EUA. A quan­­tia seria gasta nos próximos dez anos. Confiante, Obama afirma querer assinar a lei, assim que aprovada no Senado, até o final deste ano. O projeto é sua prioridade na agenda doméstica, as­­sim como foi para o ex-presidente democrata Bill Clinton (1993-2001), que nunca conseguiu fa­­zer passar uma legislação tão ambiciosa.

Na prática, o plano prevê que todos os norte-americanos te­­nham seguro-saúde e que todas as empresas no país ofereçam o benefício a seus funcionários. Cerca de 36 milhões de pessoas passariam a contar com assistência médica. A multa para empresas que deixarem de prover seguro a seus empregados será equivalente a 8% do valor total da folha de pagamento.

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O projeto proíbe as seguradoras de negar cobertura a quem já tenha doença e de aumentar en­­cargos caso o segurado adoeça. Prevê ainda a chamada opção pú­­blica, uma espécie de seguradora estatal onde pequenas em­­presas e indivíduos possam comprar planos.

O financiamento ao projeto viria em boa parte de um aumento de impostos para casais que ganham mais de US$ 1 milhão por ano e de indivíduos com rendimentos maiores do que US$ 500 mil/ano.

Os republicanos se dizem con­­tra não apenas o aumento da ta­­xação como o que chamam de "nova ingerência’’ do setor pú­­bli­­co em um segmento privado que movimenta trilhões de dólares. Dizem temer ainda que a par­­­­ti­­ci­­pação do Estado acabe distorcendo esse gigantesco mercado.

Na votação na Câmara, apenas um republicano vo­­tou a favor do projeto, um ca­­lhama­­ço de 2 mil páginas – 39 de­­mocratas se posicionaram con­­tra.

Para conquistar a maioria na votação, a líder dos democratas na Câmara, Nancy Pe­­lo­­si, foi obrigada a concordar em colocar no projeto a proibição de que novos segurados com subsídio estatal possam usar seus planos para realizar abortos. Pelosi é historicamente defensora do direito de abortar.

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Diferentemente da Câma­­ra, onde democratas têm folgada maioria, o partido conta com exatos 60 de 100 senadores. É o número mínimo para a aprovação de qualquer lei.