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Pequim – O debate sobre a adoção de reformas democráticas estará fora da agenda do 17.º Congresso do Partido Comunista da China, que começa hoje em Pequim e termina no próximo domingo. "Nunca iremos copiar o modelo de sistema político ocidental’’, afirmou ontem o porta-voz do encontro, Li Dongsheng, ecoando a posição defendida pelo presidente Hu Jintao e outros líderes comunistas.

Apesar de descartar mudanças que flexibilizem o sistema de partido único, a legenda caminha para uma maior institucionalização de seus procedimentos, com a adoção de regulamentos que aumentam a previsibilidade de suas decisões – é a esse processo que seus líderes se referem quando falam em "democracia socialista’’.

Diante da maior complexidade da sociedade chinesa e do aprofundamento dos conflitos sociais, o partido dá alguns passos para ampliar a chamada democracia interna, mas não tem nenhuma intenção de trilhar um caminho que leve à pluralidade política. As escolhas, controladas pela cúpula, dão-se dentro do partido e entre seus 74 milhões de filiados, uma fração do 1,3 bilhão de chineses.

Desse grupo saíram os 2.200 delegados que se reúnem a partir de hoje com a missão de eleger um novo comitê central, de cerca de 350 pessoas. Estes, por sua vez, escolherão um novo Politburo, de 25 integrantes, e um novo Comitê Permanente do Politburo, o grupo de nove pessoas que de fato manda na China. Dos atuais membros, devem ser modificados quatro ou cinco. O presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao continuarão no comitê permanente e no comando do país até 2012.

Na coletiva que concedeu ontem, o porta-voz do congresso minimizou o aumento das tensões sociais na China, decorrentes da maior desigualdade de renda e das disparidades regionais. Os últimos anos viram a elevação do número de protestos no país, principalmente no interior. As principais razões são os desmandos de chefes locais do partido, a contaminação ambiental e a apropriação de áreas rurais para projetos industriais e urbanos.

Li Dongsheng afirmou que os problemas que surgiram foram "regionais e individuais’’ e já teriam sido resolvidos.

Fim dos burgueses

Apesar disso, os esforços do governo para amenizar os desequilíbrios ganharão impulso com a aprovação de uma emenda que incluirá na Constituição do partido o conceito de "desenvolvimento científico’’ promovido por Hu. Ele significa maior preocupação com disparidades regionais e de renda, o enfrentamento de problemas ambientais e a busca de uma "sociedade harmônica’’.

Dentro desse espírito, o discurso oficial cunhou uma expressão ideologicamente neutra para se referir aos "burgueses’’ – n empresários e endinheirados em geral –, chamados agora de "novo estrato social’’.

O febril ritmo de crescimento econômico, próximo de 12% neste ano, ameaça sair do controle em razão da enorme entrada de dólares no país. A grande quantidade de dinheiro em circulação na economia gera inflação e acelera o ritmo de investimentos, realizados muitas vezes com empréstimo bancários a juros baixos.

Para o economista Michael Pettis, professor da Universidade de Pequim, a única saída é uma valorização de pelo menos 15% do yuan ante o dólar – decisão impopular, que reduziria por ora o ritmo de expansão.

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