Hassan Rohani (com o documento na mão): nome de consenso entre os moderados| Foto: Hadi Hirbodvash/Reuters

O candidato reformista moderado Hassan Rohani foi eleito presidente do Irã no primeiro turno das eleições. Rohani obteve mais de 50% dos votos. Segundo o ministro iraniano do Interior, Mostafa Mohammad-Najjar, que anunciou o resultado, o comparecimento à eleição desta sexta-feira (14) foi alto: 72% dos mais de 50 milhões de eleitores com direito a voto.

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A apuração deu como segundo colocado o conservador prefeito de Teerã, Mohamad Qalibaf, com 15%. Dois outros conservadores dividiam o terceiro lugar: o negociador nuclear Said Jalili, e Mohsen Rezaee, ex-chefe da Guarda Revolucionária, força de elite do regime.

A eleição de Rohani no primeiro turno representa uma grande vitória para o candidato, que conseguiu mobilizar o eleitorado de seu setor, desencantado após a forte repressão aos protestos e denúncias de fraude nas eleições de 2009.

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Rohani, um clérigo pragmático que foi secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional e negociador do programa nuclear, se transformou no candidato de consenso dos reformistas após a renúncia do outro candidato desse movimento, Mohamad Reza Aref, e teve o apoio dos ex-presidentes reformistas Akbar Hashemi Rafsanjani e Mohamed Khatami.

Romper o isolamento econômico

Ao longo da campanha, Rowhani disse que, se eleito, usará sua experiência como negociador nuclear chefe do Irã até 2005 para desemperrar o dossiê atômico e romper o isolamento econômico que dificulta a vida da população.

Conjugando promessas de melhoria econômica e maiores liberdades individuais, inclusive para mulheres, Rowhani arrancou o apoio dos principais líderes da oposição, inclusive reformistas.

Seus simpatizantes em todos os meios, de religiosos a seculares de classe média, são tidos como os principais responsáveis pelo elevado comparecimento às urnas.Há relatos de que Rowhani, apesar de pregar uma agenda relativamente liberal, conquistou o maior número de votos na cidade de Qom, epicentro teológico do islã xiita praticado no Irã.

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No fim da tarde em Teerã, antes da divulgação oficial do resultado, simpatizantes e voluntários da campanha de Rohwani já estavam reunidos aos milhares na praça Hafte Tir, no centro da Teerã).Vestindo roxo, cor-símbolo de seu candidato, muitos gritavam "Bye bye, Ahmadi", numa referência ao presidente conservador Mahmoud Ahmadinejad, que sai de cena sem poder concorrer novamente à reeleição.

Para muitos, o forte policiamento evocou a repressão às manifestações contra supostas fraudes na reeleição de Ahmadinejad, em 2009.

Não havia relato de violência até a conclusão desta edição, e militantes distribuíam doces aos agentes policiais.Mas a agência de notícias Fars, ligada à Guarda Revolucionária, advertiu sobre o risco de distúrbios causados por "grupos hostis não relacionados a candidatos". O líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, usou sua conta no Twitter para pedir calma à população.

Ainda antes da confirmação de que Rowhani havia sido eleito, a possibilidade de sua vitória levou a uma valorização do rial, a moeda local. O dólar caiu 6%, cotado a 34,3 mil riais, ante 36,5 mil riais na quinta - último dia útil da semana no Irã, que recomeça no sábado.

A disparada do dólar, que acirra a inflação e a crise econômica, é atribuída em grande parte às sanções impostas pelas potências ocidentais ao programa nuclear de Teerã.

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Racha conservador

A votação gerou profundos questionamentos nos meios conservadores, que acabaram pegos de surpresa pelo ressurgimento da oposição.

Conservadores dizem que seus candidatos deveriam ter se unido em vez de fragmentarem o voto, conforme sugeriu na semana passada o jornal linha-dura "Keyhan".

Durante os debates de campanha na TV estatal, a virulência dos bate-bocas entre conservadores deixou clara a falta de denominador comum entre candidatos alinhados ao líder supremo.

Outro jornal conservador, "Tabnak", disse que os conservadores deveriam "acordar" e perceber que "não é possível ser incompetente e esperar o voto do povo".Um deputado conservador, Ahmad Tavakoli, minimizou a capacidade de Rowhani gerar grandes mudanças.

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"[Caso vença], terá seu próprio estilo diplomático e poderá escolher seus quadros na Chancelaria e no Conselho de Segurança Nacional, e isso certamente terá impacto. Mas as linhas do sistema e da política externa são decididas pelo líder supremo".