Partidários do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do regime islâmico do Irã, vão às urnas em grande número nesta sexta-feira (2) para uma eleição parlamentar que está sendo boicotada por reformistas. "Estou aqui para apoiar o aiatolá Khamenei", disse o comerciante Houman Riyazi, de 50 anos, numa seção eleitoral na zona sul de Teerã. Khamenei pediu ao eleitorado que tivesse uma participação expressiva, já que o pleito serve como teste para as instituições clericais, alvo de protestos da oposição por causa de suspeitas de fraude na eleição presidencial de 2009. "Estou dando um tapa na cara (dos Estados Unidos) da América com o meu voto", disse o seminarista Reza Ghoreishi, de 25 anos, ao votar na cidade sagrada de Qom, ecoando a retórica de Khamenei. "Morte à América, morte a Israel, morte a todas as potências arrogantes", entoou o estudante religioso.
Sem participação expressiva dos reformistas, e com a prisão domiciliar dos líderes oposicionistas Mirhossein Mousavi e Mehdi Karoubi, a eleição será principalmente uma disputa entre conservadores rivais: de um lado, os seguidores de Khamenei, e, de outro, os partidários do presidente Mahmoud Ahmadinejad.
"Votei em 2009 e veja o que aconteceu. Por que eu iria me dar ao trabalho desta vez?", perguntou o ex-universitário Houshang, de 22 anos, que não revelou o sobrenome. Ele contou que foi expulso da universidade depois de participar de oito meses de protestos nas ruas após a reeleição de Ahmadinejad. "Minha vida mudou por causa daquela votação. Não vou repetir o mesmo erro". A polícia vigiou as principais praças e ruas de Teerã e outras cidades, mas não houve relatos de violência.
Na zona norte de Teerã, zona mais rica da cidade, as seções eleitorais estavam vazias nas primeiras horas da manhã. Mas em cidades do interior, como Isfahan e Shiraz, a TV estatal mostrou longas filas de eleitores. A emissora disse haver "um comparecimento do tamanho do Irã", com um nível "histórico" de participação. Nos últimos dois dias, as emissoras estatais de rádio e TV transmitem hinos revolucionários para tentar alimentar o sentimento nacionalista. Na última eleição parlamentar, em 2008, o comparecimento foi de 57 por cento. Para este ano, as autoridades preveem 65 por cento. Diante de um crescente isolamento internacional por causa do seu programa nuclear, o regime islâmico busca reafirmar sua legitimidade com a eleição. Mas, para muitos eleitores, a maior preocupação é econômica. "O que o Parlamento pode fazer para melhorar meu cotidiano? Nada. Portanto, não vou votar", disse o funcionário público aposentado Nader, de 59 anos, que ganha cerca de 400 dólares por mês. Em 2010, Ahmadinejad cortou subsídios para alimentos e combustíveis, substituindo-os por um bônus mensal de 38 dólares por pessoa. A inflação oficialmente é de 21% ao ano, mas alguns políticos e clérigos dizem que na verdade ela ronda os 50%.
"Vou votar porque estou preocupado de que o governo corte o pagamento do subsídio em dinheiro de quem não for", disse a dona de casa Masumeh.
Em Rasht, no norte do país, um homem de 43 anos, que não se identificou, disse que não pode se dar "ao luxo de votar". "Estou trabalhando o tempo todo para alimentar a minha família. Por que eu iria votar para esse sistema, no qual sofro para chegar ao fim do mês?"
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