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Retirada do Afeganistão

Afegãos deslocados enfrentam péssimas condições sanitárias em base americana no Qatar

Militares preparam o embarque de pessoas deslocadas do Afeganistão em um C-17 na Base Aérea Al Udeid, no Qatar, 22 de agosto (Foto: EFE/EPA/U.S. Air Force photo by Airman 1st Class Kylie Barrow)

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A base aérea no Qatar que está sendo usada pelo governo dos Estados Unidos para abrigar milhares de afegãos que foram deslocados de Cabul está em péssimas condições sanitárias, revela um e-mail de uma autoridade do Comando Central dos EUA, que foi vazado e obtido pelo site Axios.

O e-mail foi enviado por Colin Sullivan, um agente especial de supervisão, com o assunto "Condições terríveis em Doha", para autoridades do Departamento de Estados dos EUA e do Pentágono. O relato demonstra a dificuldade que o governo americano enfrenta para lidar com a retirada de milhares de civis do Afeganistão, após a tomada de Cabul pelo Talibã.

A comunicação descreve um "desastre humanitário com risco de vida... o qual quero ter certeza que vocês estão monitorando totalmente".

"Não subestimando de forma alguma as condições em Cabul nem as condições das quais os afegãos estão escapando, as atuais condições em Doha são de nossa própria responsabilidade", afirma o supervisor.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tem enfrentado críticas por não conseguir garantir uma passagem segura até o aeroporto de Cabul ou arranjar voos para todos os milhares de afegãos que são alvos do Talibã e querem deixar o país.

Em seu e-mail, Sullivan compartilhou trechos de comunicações entre o pessoal da embaixada americana em Doha que descrevem as condições da Base Aérea Al Udeid, também na região da capital do Qatar, e mostram o despreparo para receber os afegãos em um ambiente seguro e salubre:

"Dia úmido hoje. O local onde os afegãos estão abrigados é um inferno na Terra. Lixo, urina, fezes, líquidos derramados e vômito cobrem o chão". "Passei uma hora lá coletando lixo... quase sufoquei". "Outro voo chegou e não há recursos para resolver o problema sanitário". "Esses seres humanos estão em um pesadelo vivo". "Atualização sobre o hangar: agora temos um problema com ratos".

A base militar fica no meio do deserto e o calor no local, que não tem ar condicionado, é intenso.

A Base Aérea Al Udeid, no Qatar, ainda com poucos cidadãos afegãos, em 16 de agosto

Um porta-voz do Comando Central dos EUA falou ao Axios sobre o desafio para atender os indivíduos que estão chegando e que já tiveram progresso para cuidar dos afegãos.

"Reconhecemos que essa é uma situação desafiadora e difícil para esses indivíduos e famílias vulneráveis, e permanecemos comprometidos a providenciar um ambiente seguro e sanitário", disse o porta-voz William Urban.

O Pentágono disse ao Axios que tomou medidas concretas para melhorar as condições do abrigo, incluindo a instalação de mais de cem banheiros e a distribuição de 7 mil refeições tradicionais afegãs três vezes ao dia.

Um porta-voz do Departamento de Estado americano disse ao site de notícias que mais de 3.700 pessoas foram transportadas dessa base para destinos nos EUA, Alemanha e Itália, e que o objetivo é encaminhar as pessoas para seus destinos em poucos dias depois da chegada à base.

O Washington Post publicou um vídeo do interior do hangar na base militar americana em Doha no final de semana, que mostra o local lotado, quente e sem a quantidade adequada de banheiros e chuveiros.

Evacuação acelerada

Apenas na segunda-feira (23), mais de 21 mil pessoas foram retiradas de Cabul, em cerca de 100 aviões dos EUA e de outros países da coalizão que lutaram na guerra do Afeganistão, segundo informações da Casa Branca.

Destes, cerca de 12,7 mil pessoas voaram a bordo de 37 voos militares dos EUA, e outros 8,9 mil foram levados por 57 aviões de países europeus e de membros da Otan.

Com esses novos embarques, chegou a 58,7 mil o número de pessoas retiradas do Afeganistão com ajuda americana desde o último dia 14.

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