Zahra Mohammed perdeu uma criança por sarampo em 1982, porque ela não conseguiu chegar a um médico durante a invasão israelense no Líbano. Agora ela teme estar perto de perder outro filho.
- Ele não fala com ninguém. Quando fala, só diz que quer se matar. Ele teve um ataque nervoso - disse ela sobre seu filho de 22 anos, Ali.
- Outro dia ele disse que se atiraria do telhado, mas eu o impedi - continuou Zahra, 50, ao acender um cigarro do lado de fora do hospital onde várias famílias muçulmanas xiitas estão refugiadas da ofensiva iniciada há quase 20 dias por Israel contra os guerrilheiros do Hizbollah.
Zahra diz que começou a fumar quando seus dois sobrinhos morreram em um ataque aéreo de Israel ao Líbano em 1996. Seu marido morreu de câncer no ano passado, o que a levou a arranjar um emprego de 100 dólares por mês, bem abaixo do salário mínimo. Ele está sem trabalhar desde que a guerra começou, após a captura de dois soldados israelenses pelo Hezbollah em 12 de julho.
- Israel pensa que apenas membros do Hezbollah e seus simpatizantes ficaram no sul do Líbano, mas está errado - protestou. - Nós ficamos por causa de nossa miséria e pobreza. Nós não temos como escapar."
Aviões israelenses bombardearam Nabatiyeh, uma fortaleza do Hizbollah, mais de 10 vezes, matando 16 pessoas, incluindo pelos menos quatro membros do grupo guerrilheiro, segundo fontes da segurança.
Pelo menos 545 pessoas foram mortas na guerra no Líbano, embora o ministro da Saúde estime um número de 750 incluindo os corpos não-localizados. Cinqüenta e um israelenses também foram mortos.
Ataques aéreos israelenses nas proximidades destruíram as janelas do hospital da cidade, onde refugiados como Abdel-Majeed Hodroj, sua mulher e cinco filhas dormem em colchões no subsolo do que se tornou um refúgio das bombas. A família foi para o hospital após sua casa começar a ruir. "As crianças estavam aterrorizadas, então viemos para cá" disse ele.
O Hezbollah, cujos ataques ajudaram a acabar com 22 anos de ocupação de Israel no sul do Líbano em 2000, tem grande apoio entre os xiistas que dominam o sul e são 30% da população, o maior grupo religioso do país.
Zahra Mohammed, no entanto, disse que muitos estão contrariados com o Hezbollah, mas fazem silêncio.
- As pessoas estão cansadas da guerra, mas com medo de reclamar.
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