Quando uma tempestade letal de neve atingiu o Líbano na semana passada, refugiados sírios no Vale do Bekaa abrigados em barracas feitas de plástico se cobriram e estremeceram durante a noite.
Quase quatro anos após o início da crise, as pessoas no assentamento sob a neve perto da fronteira disseram que gostariam de ver qualquer tipo de solução entre as partes em conflito na Síria para que possam voltar para casa.
"Há pessoas aqui sem aquecimento. Algumas estão queimando sapatos e até mesmo materiais de tendas para se manterem aquecidos", declarou Ali Abdulaziz, que afirmou temer que a fumaça causada pelo fogo em materiais sintéticos cause doenças nas pessoas do acampamento.
O sofrimento deles é uma evidência do custo humanitário de um conflito que já desalojou quase a metade da população síria.
Com o impasse na diplomacia para acabar com a guerra, as esperanças suscitadas pelo levante de 2011 contra o presidente Bashar al-Assad há muito tempo deram lugar ao desespero.
Abdulaziz, 45 anos, escapou da zona rural de Damasco para o Líbano em abril e disse que nem o governo nem os combatentes da oposição fizeram coisa alguma para deter o sofrimento por lá.
"O processo político está tropeçando. As partes se encorajam a lutar, e esses jogos políticos prolongam a guerra", disse ele. "Que Deus acalme a situação para que haja alguma solução política. Queremos voltar para o nosso país."
A tempestade "Zina" atravessou a região na semana passada, matando no Líbano uma criança refugiada e seu pai quando tentavam cruzar a fronteira, disse a agência de refugiados da ONU. As agências humanitárias alertam que 7 milhões de crianças deslocadas estão em risco por causa do inverno rigoroso na Síria e nos países vizinhos.
O principal grupo de oposição política da Síria disse que dez refugiados sírios congelaram até a morte no Líbano durante a tempestade, que arrancou árvores e bloqueou as principais estradas.
"Quando você está enfrentando uma tempestade de neve como essa, sem precedentes, há rachaduras no sistema, há limites para o que podemos fazer", disse Fabrizio Carboni, chefe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Líbano, acrescentando que a ajuda tinha chegado a pessoas vulneráveis antes da tempestade e o pior parecia ter passado.
O Líbano está abrigando cerca de 1,5 milhão de sírios, o que faz do país o de maior concentração per capita de refugiados no mundo. O governo endureceu este mês as regras para permitir a entrada no país, dizendo não ter mais como dar conta da situação.
Muitos refugiados vivem em assentamentos precários, como o de Bar Elias, a cerca de 20 quilômetros da fronteira. Alguns são abrigos básicos feitos a partir de folhas de madeira e plástico retirado de cartazes. Outros já possuem antenas parabólicas e fornos portáteis.
Muitos moradores eram agricultores da zona rural de Aleppo. Eles dizem que suas regiões já mudaram de mãos muitas vezes, entre grupos armados e as forças do governo.
Abdullah Mohammad, de 45 anos, reza por um cessar-fogo em Aleppo, onde a ONU está tentando mediar uma negociação entre as forças leais a Assad e os insurgentes, cuja luta vem destruindo a cidade.
"Somos a favor da paz, a qualquer hora em que eles anunciarem a interrupção das operações militares e que as pessoas podem viver em segurança, pode confiar em mim que não sobrar nenhum de nós no Líbano" disse Mohammad. Mas ele afirmou não ter muita fé em qualquer um dos grupos que luta na guerra.
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