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Assunção - Países da América do Sul, entre eles o Brasil, divulgaram ontem notas de apoio ao presidente paraguaio, Fernando Lugo, que na véspera denunciou uma articulação golpista contra o seu governo. Em Assunção, o general Máximo Díaz Cáceres, oficial de ligação entre as Forças Armadas e o Congresso, confirmou ter sido chamado a reunião na casa do general da reserva Lino Oviedo, com a participação do ex-presidente Nicanor Duarte Frutos.

Na segunda-feira, Lugo foi a público denunciar a suposta articulação golpista de Oviedo e Nicanor em reunião no domingo à noite e atribuiu a Díaz a versão. O general corroborou o relato do presidente e disse que, perguntado sobre o sentimento das Forças Armadas em relação à atual crise no Senado, se recusou a opinar e comunicou o episódio à cúpula militar.

O impasse no Senado paraguaio teve início no último dia 26, quando Nicanor prestou juramento como senador eleito pelo Partido Colorado. Mas a base governista anulou a sua posse alegando que, como presidente, ele não poderia ter concorrido. No Paraguai, ex-presidentes tornam-se senadores vitalícios, com direito a voz, mas não a voto nem a salário.

O Itamaraty, em geral comedido ao respaldar denúncias do tipo, divulgou nota de "apoio à institucionalidade democrática’’ no país, em que diz confiar em que "a legitimidade democrática será mantida’’ e reafirma o apoio a Lugo, "legitimamente eleito pelo povo paraguaio’’. Em conjunto, os governos do Mercosul, o qual o Paraguai integra, disseram que "a integração regional é inseparável do respeito à democracia’’.

Em entrevista no Rio, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, disse que se preocupa com a situação, mas não acredita em "nenhuma aventura, inclusive porque já passou a era das aventuras golpistas’’ na região. Os governos da Argentina, do Chile e da Colômbia divulgaram notas em tom similar.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, expressou "profunda preocupação’’ e disse que toda a região apóia Lugo.

Os embaixadores no Paraguai de Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru e Uruguai foram convocados pelo chanceler Alejandro Hamed Franco para receber detalhes da denúncia e expressaram apoio "ao presidente Lugo e ao processo democrático’’. Hamed deverá ser recebido por Amorim, no Brasil, na próxima sexta-feira.

Díaz disse sentir "pena pela forma com que negam sua presença’’, em referência à reação de Oviedo e dos demais presentes. Ele ressaltou, no entanto, que nunca mencionou uma eventual motivação golpista entre os presentes à casa de Oviedo e que, devido à sua condição de oficial do Exército, não poderia emitir juízo sobre o fato, segundo o jornal ABC Color.

O general confirmou ainda a participação na reunião dos presidentes do Senado, o oviedista Enrique González Quinta, e do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, Juan Manuel Morales, e do procurador-geral, Rubén Candia.

Oviedo nega

Oviedo admitiu ter ocorrido a reunião, mas negou a articulação golpista e atribuiu a denúncia a uma "represália’’ a suas declarações de que Lugo estaria promovendo um "golpe parlamentar’’. Nicanor negou envolvimento em conspiração e disse que Lugo foi enganado por pessoas do seu entorno.

Oviedo concorreu à Presidência em abril pela União Nacional dos Cidadãos Éticos (Unace), depois de ter sido anistiado no ano passado da acusação de tentativa de golpe contra o presidente Juan Carlos Wasmosy, em 1996. Na época, a anistia, atribuída a uma manobra de Nicanor na Suprema Corte, foi interpretada como tentativa de tirar votos de Lugo, já que a Unace flertava com a candidatura do ex-bispo.

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