“Região Sul pode ter apagão”

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Curitiba – O aquecimento global deve provocar problemas de energia nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Essa é uma das conclusões de uma pesquisa de avaliação das conseqüências do aquecimento global no país, que será apresentada no dia 26 de fevereiro, em Brasília. O documento pode ser comparado a uma versão nacional do relatório publicado pelo IPCC ontem, em Paris. Patrocinado pelo Banco Mundial e pelo Ministério do Meio Ambiente, o estudo brasileiro começou há um ano e meio e é coordenado por José Marengo, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Gazeta do Povo - Como o Brasil será afetado com o aquecimento global?

José Marengo - As temperaturas devem aumentar, acompanhando a tendência global, principalmente na Amazônia, no Nordeste e no Centro-Oeste. Nessas regiões, até 2100, pode haver um acréscimo de até oito graus. As condições climáticas devem provocar uma substituição da floresta amazônica pelo cerrado, o que vai afetar a América do Sul como um todo, já que o comportamento pluviométrico desse continente, principalmente do Sul e Sudeste, é influenciado pelo clima da Amazônia. O Nordeste deve ser uma região muito afetada, com maiores problemas de seca.

O que esse conjunto de fatores deve causar no Sul e Sudeste?

Nessas regiões a temperatura crescerá menos, entre 2 e 4 graus, mas com alguns resultados negativos importantes. É previsto um aumento da precipitação pluviométrica de até 10%, em curtos períodos de tempo. Num mês, por exemplo, teremos dois dias de muitas chuvas e, no restante, uma espécie de veranico. Isso aumentará o consumo de energia, de ar condicionado, sem a devida reposição de água nas usinas, o que pode resultar em uma insuficiência de energia elétrica. O apagão é um dos cenários previstos. Sem contar os prejuízos na agricultura.

O que se pode fazer para minimizar esses efeitos?

Enquanto que na Europa e nos EUA os grandes emissores de gases do efeito estufa são as indústrias, no Brasil o principal causador do problema é o desmatamento. É preciso realizar um grande plano de reflorestamento.