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Regime de Assad “pune” civis sírios

Homem inspeciona estragos em um hospital de Deir al-Zor | Karam Jamal/Reuters
Homem inspeciona estragos em um hospital de Deir al-Zor (Foto: Karam Jamal/Reuters)

O governo de Bashar Assad tem usado cada vez mais armamentos "sem precisão" contra os rebeldes, em bombardeios "indiscriminados e desproporcionais", que atingem também uma grande quantidade de civis. A opção por tais armamentos seria uma "punição" para a população de cidades que abrigam os insurgentes. A informação foi dada ontem pelo presidente da Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU sobre a Síria, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, durante encontro prévio à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

"Entrevistas com desertores sugerem que há um elemento de retribuição em alguns desses ataques, ‘punindo’ civis pela presença de grupos armados em suas cidades e vilas", disse Pinheiro. Entre as armas que têm sido cada vez mais usadas estão mísseis não guiados, bombas "cluster" (de fragmentação) e bombas termobáricas.

Para Pinheiro, a falta de uma ação decisiva de países "influentes" e da "comunidade internacional como um todo" tem alimentado a "cultura de impunidade" dentro da Síria.

O brasileiro que, desde agosto de 2011, apresentou mais de dez relatórios e atualizações sobre as violações de direitos humanos no conflito sírio, lamentou a falta de uma reação interna e externa às atrocidades documentadas.

Segundo ele, para aqueles que continuam cometendo violações, "não parece haver medo algum de uma futura prestação de contas" por suas ações. "Colocar os holofotes sobre sua conduta ilícita não parou, nem mesmo diminuiu a velocidade [das violações]", disse.

"Não podemos continuar recitando a ladainha de abusos e violações que tem pouco efeito nas partes em conflito na Síria ou naqueles que andam pelos corredores do poder. Não é o suficiente para chocá-los", disse. "Existe a obrigação de fazer o que é preciso para trazer essa guerra ao fim. Isso vai exigir que a comunidade internacional não só reconheça, mas também exija uma solução diplomática."

Ele reforçou sua visão de que não há solução militar para o conflito. "Aqueles que fornecem armas para as várias partes em conflito não estão criando o terreno para a vitória, mas sim a ilusão da vitória. Isso é uma ilusão perigosa e irresponsável", disse.

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