Pessoas esperam para votar em posto eleitoral em Caracas, Venezuela, durante as eleições regionais de 21 de novembro| Foto: EFE/ /Miguel Gutiérrez
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A ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela, por meio da Sala Eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) do país, decidiu suspender a contagem de votos da eleição para governador de Barinas, o estado natal do falecido ex-presidente Hugo Chávez e onde seus familiares governam há 20 anos. As eleições terão que ser repetidas em janeiro, dessa vez, sem o principal candidato da oposição, que estava liderando as projeções com uma estreita vantagem.

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O TSJ ordenou ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a suspensão dos processos de contagem, adjudicação e proclamação dos candidatos ao governo do estado, e mandou que essa eleição seja refeita em 9 de janeiro. Os detalhes da apuração local das eleições regionais, realizadas há nove dias, são desconhecidos.

A medida foi anunciada no mesmo dia em que o regime chavista decidiu "desqualificar para o exercício de qualquer cargo público o cidadão Freddy Francisco Superlano Salinas", o candidato da oposição que estava à frente nas projeções e reivindicou vitória.

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Segundo as projeções do CNE, Superlano estava com 37,60% dos votos, liderando por estreita margem a disputa com o candidato Argenis Chávez, irmão de Hugo Chávez, que aparecia com 37,21%.

Freddy Superlano, que se saísse vitorioso colocaria fim ao domínio chavista de 20 anos no estado de Barinas, não poderá se candidatar na nova eleição que será realizada em janeiro, devido à inabilitação imposta pela ditadura.

Uma semana após as eleições, quando o estado de Barinas ainda não havia proclamado vencedor, Diosdado Cabello, número dois do chavismo, ameaçou impugnar os resultados eleitorais caso houvesse o anúncio de uma vitória muito apertada da oposição.

"Perdemos prefeituras por cinco votos (…) Onde é preciso impugnar, que seja impugnado. Onde ganharmos por um voto, nós o defenderemos. Não nos importamos com o que o mundo inteiro diz", advertiu Cabello, que é vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), em entrevista à mídia do partido repercutida pelo Infobae, no domingo.

Cabello disse que Barinas é um "bastião do chavismo", ao comentar a demora na divulgação dos resultados do pleito do estado.

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Na segunda-feira, o opositor venezuelano Juan Guaidó disse que a decisão do TSJ de parar a contagem de votos em Barinas é uma demonstração de que no país "não há Estado de direito".

"O regime de Maduro se expõe como o que é, uma ditadura vulgar que arrebata a vontade do povo que se expressou, inclusive sem condições e de maneira muito adversa", afirmou Guaidó.

"Suposta violação de direitos"

Em comunicado, o TSJ informou que aceitou uma ação de amparo constitucional apresentada pelo político Adolfo Ramón Superlano, considerado dissidente da oposição, e que não tem vínculos familiares com o candidato opositor, apesar do sobrenome. A ação foi movida "pela suposta violação dos direitos constitucionais à participação e ao sufrágio" previstos na Constituição e levando em conta "o clima de tensão entre os militantes políticos".

Na sexta-feira passada, cinco dias após as eleições, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que a Junta Nacional Eleitoral (JNE) estaria encarregada de contar as "atas em falta na eleição do governador de Barinas".

A decisão do TSJ também declara que a ação de amparo inclui "a suposta existência de processos administrativos e penais e inquéritos contra" Freddy Superlano, que estão "pendentes nos órgãos estatais competentes" e que afirmam que o candidato "está desqualificado para ocupar qualquer cargo público".

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Desde a segunda-feira passada, o CNE confirmou os resultados de 22 dos 23 cargos de governadores e 334 dos 335 prefeitos, faltando apenas a prefeitura de Arismendi e o governo de Barinas.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]