O regime do ditador Nicolás Maduro teria retirado cerca de oito toneladas de ouro do Banco Central da Venezuela neste mês, supostamente para serem vendidas ao exterior. A informação foi dada por um deputado da oposição e por um funcionário do regime chavista à agência de notícia Reuters.
As barras de ouro foram sacadas em momentos em que poucos funcionários trabalhavam no banco, a maioria diretores, por causa dos problemas de fornecimento de água em suas instalações – resultado dos constantes apagões sofridos no país, segundo o deputado de oposição Angel Alvarado e a fonte anônima do regime chavista, citados pela Reuters.
De acordo a fonte do governo, com esse último movimento, um total de 30 toneladas de ouro deve ter sido retirado desde janeiro. O banco ainda teria outras 100 toneladas de ouro em seus cofres, com valor de mais de US$ 4 bilhões. Se o ritmo dos saques se mantiver, as reservas do banco central devem praticamente desaparecer até o final do ano, o que deixaria Maduro em dificuldades para pagar pela importação de bens básicos.
A venda de barras de ouro é uma das poucas maneiras que o regime de Maduro tem para obter moeda internacional diante da queda das receitas do petróleo, após sanções americanas que restringem o financiamento internacional.
Em janeiro, Washington pediu a compradores internacionais de ouro para não fazerem negócio com o governo da Venezuela, o que provocou o cancelamento de uma venda planejada de 29 toneladas de ouro para os Emirados Árabes Unidos.
Ainda segundo a Reuters, o banco central continuou a autorizar a movimentação do ouro, tentando vendê-lo em menores quantidades.
Saída da OEA
Em uma derrota para Maduro, a Organização dos Estados Americanos (OEA) reconheceu nesta terça-feira o enviado do presidente interino Juan Guaidó, Gustavo Tarre Briceño, como o representante venezuelano na instituição até que o país realize eleições livres.
A sessão extraordinária do Conselho Permanente foi pedida por Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Chile, Paraguai e Peru para discutir a crise política na Venezuela. A representante do governo de Nicolás Maduro, Asbina Marín Sevilla, acusou a OEA de desrespeitar o direito internacional e de querer dar golpes de Estado no país. “Nós vamos embora, e não voltaremos nunca mais”, assegurou Sevilla durante a sessão.
Juan Guaidó disse que a decisão da OEA permitirá ativar outros mecanismos de pressão contra Maduro. "Hoje tiramos definitivamente o usurpador da OEA", afirmou Guaidó pelo Twitter. "Conseguimos o fim da usurpação na OEA, e assim seguiremos até conseguir na Venezuela".
A ordem do dia foi aprovada com 19 votos a favor, 10 contrários, uma ausência e quatro abstenções. México, El Salvador, Bolívia, Nicarágua e Antígua e Barbuda foram alguns dos países que apresentaram argumentos contrários.
O chanceler de Nicolás Maduro, Jorge Arreaza, classificou de "ilegítimo" o reconhecimento de parte do Conselho Permanente da OEA de Tarre Briceño como representante venezuelano no organismo.
Em um comunicado, Arreaza disse que "se trata de uma das decisões mais infelizes tomadas na ampla história de desaforos jurídicos e políticos desta organização (OEA)". Para ele, a designação de Tarre Briceño, indicado pela Assembleia Nacional liderada por Juan Guaidó, é uma "aceitação ilegítima de um fantoche político cuja existência espúria resulta da transgressão do sistema legal venezuelano". A OEA "valida o plano de golpe de Estado iniciado em 23 de janeiro passado", continuou Arreaza.