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Um assessor do líder supremo do Irã, Ali Khamenei, afirmou que seu país mudará a política nuclear - que dita o uso exclusivamente civil desta energia - se houver ameaças à sua existência.
“Não decidimos produzir uma bomba nuclear, mas se a existência do Irã estiver ameaçada mudaremos nossa doutrina nuclear”, disse nesta quinta-feira (9) à agência de notícias iraniana Isna Kamal Kharrazi, assessor de Khamenei e antigo ministro das Relações Exteriores.
“Se o regime sionista (Israel) ousar danificar as instalações nucleares do Irã, nosso nível de dissuasão será diferente”, acrescentou Kharrazi em uma aparente referência ao ataque iraniano com centenas de mísseis e drones contra Israel em 13 de abril.
Esse ataque foi uma retaliação ao bombardeio ao consulado iraniano em Damasco, no qual morreram sete membros da Guarda Revolucionária, e foi a primeira vez que o Irã atacou diretamente o território israelense, apesar de não ter causado danos.
Dias depois, houve outro ataque que não causou danos com drones e mísseis, segundo a imprensa americana, contra a província central iraniana de Isfahan, que abriga a maior usina nuclear do país, Natanz, além da base aérea de Shekari, atribuída a Israel.
A Guarda Revolucionária iraniana advertiu em meados do mês passado que Teerã poderia rever sua doutrina nuclear se Israel ameaçasse atacar seus centros atômicos e pouco depois o Ministério das Relações Exteriores contradisse o órgão militar de elite e garantiu que as armas atômicas não têm lugar na sua doutrina nuclear.
O Irã alegou até agora que seu programa nuclear tem um objetivo exclusivamente civil e até o líder supremo do país, Ali Khamenei, emitiu uma fatwa – decisão religiosa – condenando as armas atômicas.
O programa atômico iraniano registrou grandes progressos nos últimos anos, após o colapso do acordo nuclear assinado em 2015, embora o país assuma que não possui armas nucleares.
Há dias, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), Rafael Grossi, pediu ao Irã que fornecesse rapidamente respostas a inúmeras questões pendentes sobre a natureza do seu programa nuclear e que melhorasse a cooperação com os inspetores internacionais.