Humanitário
Representante da ONU quer mais ajuda para civis desabrigados
A chefe de assuntos humanitários da ONU, Valerie Amos, chegou ontem à Síria em busca de um acordo para ampliar a ajuda a civis retidos ou desabrigados por causa dos combates entre rebeldes e forças governamentais. Diplomatas dizem que isso só poderá ocorrer efetivamente quando os combatentes recuarem.
Centenas de sírios chegam diariamente a países vizinhos como refugiados, muitos deles feridos ou contando terem sido alvejados em regiões fronteiriças, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Valerie, que entrou na Síria num comboio a partir do Líbano, deve se reunir em Damasco com autoridades locais, inclusive o vice-chanceler Faisal Medad, e com funcionários do Crescente Vermelho.
A burocracia e a insegurança dificultam nos últimos meses os esforços da ONU para montar uma ampla operação humanitária.
O ex-primeiro-ministro sírio Riad Hiyab, que desertou recentemente e se refugiou na Jordânia, disse ontem em Amã que o regime do ditador Bashar Assad está ruindo.
Segundo ele, o governo está desmoronando "moral, econômica e militarmente" e não controla mais que 30% do território do país.
Em sua primeira coletiva após deixar o governo sírio, Hiyab pediu união dos opositores no exílio e que os oficiais do Exército de Assad se unam à revolução. O ex-primeiro-ministro disse que desertou de forma voluntária e negou que tenha sido destituído, como afirmou Damasco.
Fontes governamentais jordanianas anunciaram que Hiyab entrou na Jordânia em 8 de agosto, dois dias depois da televisão síria anunciar que seu mandato foi cassado. "As brigadas do Exército Livre Sírio desempenharam um papel importante na minha saída da Síria", destacou o ex-primeiro-ministro, em referência aos rebeldes que o ajudaram a escapar do cerco militar montado pelo regime após sua deserção.
Hiyab se declarou "inocente" do regime corrupto e disse que deixou o governo para servir à pátria e por estar insatisfeito. Além disso, prometeu ser "um soldado fiel de seu país entre os revolucionários" e afirmou que não deseja cargos no futuro.
Para o ex-primeiro-ministro, o regime só se sustenta graças à "opressão", enquanto o fosso entre governo e população está cada vez maior.
"O governo não era capaz de satisfazer as esperanças do povo e parecia que eu estava contra o povo, mas só Deus sabe o que sofria quando escutava informações de bombardeios nas cidades", revelou Hiyab.
O desertor agradeceu o apoio do rei jordaniano, Abdullah II, assim como da Arábia Saudita, Catar e Turquia, a quem pediu que sigam apoiando a revolução síria.
Com a escalada dos conflitos no país de Assad, é crescente o número de deserções do regime. No último dia 30 de julho, o mais alto diplomata sírio no Reino Unido, Kamal Ayoubi, renunciou declarando "não estar mais disposto a representar um regime que cometeu atos de violência e opressão contra seu próprio povo".
Outros 17 altos oficiais do Exército sírio também desertaram no mesmo dia. Desde o início da revolta síria, em março do ano passado, estima-se que mais de 28 generais tenham renunciado.
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