Violentos combates eram registrados neste sábado no oeste da província de Aleppo, onde, segundo uma ONG síria, o regime de Bashar al-Assad teme a instauração de uma área controlada pelos rebeldes que facilitaria o apoio logístico a partir da vizinha Turquia.
Os combates eram registrados nas localidades de Orm e de Kafar Youm, e os rebeldes atacaram destacamentos em Abezmo, no oeste da província de Aleppo, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que conta com uma ampla rede de militantes no terreno.
"Nesta área próxima à fronteira com a Turquia, o Estado não tem presença, a não ser em postos militares e administrativos", afirmou Rami Abdel Rahman, presidente do OSDH.
Segundo a ONG, o regime de Bashar al-Assad quer evitar a todo custo que os rebeldes consigam unir esta parte da província de Aleppo à província de Idleb, pois isso formaria uma grande região insurgente, às portas da Turquia, que apoia a rebelião.
O Exército turco mobilizou de forma preventiva neste sábado canhões e mísseis antiaéreos nas imediações do posto na fronteira com a Síria de Tall al-Abyad, que registrava confrontos entre rebeldes e forças do governo, segundo a rede turca NTV News.
Este deslocamento de forças é uma reação a um bombardeio executado na quinta-feira por parte das forças governamentais sírias à cidade de Sanliurfa, situada na fronteira sudeste do país, e durante o qual dois turcos ficaram feridos, quando as tropas do regime tentavam retomar posições rebeldes.
Já na própria cidade de Aleppo, durante a madrugada, foram ouvidas fortes explosões causadas por disparos de artilharia, constatou um correspondente da AFP.
Nesta segunda maior cidade da Síria, que há dois meses é cenário de uma batalha crucial, os bairros de Katergi, Shaar, Sakhour, Hanano, Arkoub (leste) e Marjé (sul) foram bombardeados de madrugada, informou o OSDH.
Combates foram registrados no bairro de Souleimane al-Halabi, perto do centro da cidade, onde franco-atiradores deixaram os moradores em pânico.
"Os combates começaram aqui há dois dias", afirmou à AFP Salah, que deixou Souleimane al-Halabi com sua família. "Antes, nós nos refugiávamos em um abrigo com outras quatro famílias, mas quando vimos que isto ia durar, decidimos ir para Midane", um bairro vizinho. "Pelo menos 80% das pessoas saíram de Souleimane al-Halabi".
Nas redondezas, o cenário é de total desolação, com prédios destruídos e ruas desertas.
O mercado de Aleppo, totalmente vazio, e onde está a linha de frente, segue intacto, apesar dos bombardeios aéreos, constatou a AFP.
Neste sábado, 108 pessoas --52 civis, 32 soldados e 24 rebeldes-- morreram na Síria, informou o OSDH.
Na sexta-feira, a violência deixou 142 mortos, entre eles 88 civis, segundo a mesma organização.
Oposição transfere comando para a Síria
O Exército Sírio Livre (ESL), que lidera a rebelião contra o regime, anunciou neste sábado a transferência de seu comando central da Turquia, onde estava há um ano, para a Síria.
"O comando do Exército Sírio Livre (ESL) entrou nas regiões libertadas", anunciou o chefe do ESL, Rial al-Assad, em um vídeo divulgado na internet. Ele afirmou que o objetivo é iniciar o plano de "libertação de Damasco".
Na véspera, Abdel Baset Sayda, presidente do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora, considerou que o conflito havia chegado a um "ponto de extrema gravidade, que pode provocar uma situação catastrófica e ainda mais extremismo, inclusive nos países vizinhos".
A ideia de uma zona de exclusão aérea, mencionada em agosto pela comunidade internacional e solicitada pela oposição síria para impedir os bombardeios aéreos do regime contra as zonas rebeldes, voltou à ordem do dia.
"Não só nós, mas muitos países estão discutindo esta questão de uma zona de exclusão aérea, porque está claro que, no momento, é muito difícil torná-la realidade", declarou um alto funcionário francês em Washington.
"Conversamos com todos os nossos interlocutores, turcos, americanos, britânicos e outros, mas, no momento, não conseguimos o impulso político para organizar em um futuro próximo uma zona de exclusão aérea", acrescentou a autoridade.
Um projeto como esse precisa da aprovação do Conselho de Segurança, hipótese descartada, levando-se em consideração a oposição de Rússia e China.
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