Intervenção
EUA analisam força internacional
Agência Estado
Os Estados Unidos estão analisando como uma força internacional de paz poderia operar na Síria, disse no final da tarde de ontem o secretário de imprensa da Casa Branca, Jay Carney. Segundo ele, tal força poderia ser administrada pela Organização das Nações Unidas (ONU) ou pela Liga Árabe.
O governo sírio rejeita totalmente a possibilidade de que uma força militar internacional de paz entre em seu território. Carney não disse nada a respeito de um envolvimento dos EUA nessa força.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, condenou a intensificação da violência por parte do regime sírio, que incluiu o uso de artilharia e tanques. "É lamentável que o regime tenha intensificado a violência em cidades de todo o país, inclusive com o uso de artilharia e disparos de tanques contra civis inocentes", disse Clinton.
Além de usar artilharia pesada contra civis, matar milhares e torturar prisioneiros, há indícios de que o regime sírio também usa violência sexual contra opositores, disse ontem a alta comissária de direitos humanos das Nações Unidas, Navi Pillay.
Em um relato macabro sobre a situação na Síria, endereçada à Assembleia Geral da ONU, ela reiterou que a escala dos abusos cometidos pelas forças sírias indica que foram cometidos crimes contra a humanidade. Aos abusos já denunciados, ela acrescentou os sexuais.
Relatos extensos sobre violência sexual, em particular estupro, em locais de detenção, principalmente contra homens e meninos, são especialmente perturbadores. Crianças não foram poupadas, disse Pillay.
Nos últimos dias, forças sírias intensificaram a ofensiva contra a cidade de Homs, que se tornou o principal foco da revolta contra o ditador Bashar Assad.
Rússia e China, que há poucos dias vetaram uma resolução no Conselho de Segurança da ONU exortando Assad a renunciar, continuam defendendo uma solução diplomática para a crise. A proposta da Liga Árabe de enviar à Síria uma missão de paz em conjunto com a ONU foi rejeitada categoricamente por Damasco e recebida com reservas por Moscou.
O ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, que na semana passada foi a Damasco discutir uma solução para a crise, disse que antes do envio de uma missão da ONU é preciso estabelecer um cessar-fogo na Síria. Em 11 meses de repressão contra os opositores, o regime sírio já matou bem mais que 5.400 pessoas, estimou a alta comissária.
Combates
Rebeldes sírios repeliram ontem uma ofensiva do governo em Rastan, uma cidade central do país, mantida por forças que lutam contra o regime. O Observatório Sírio pelos Direitos Humanos disse que pelo menos três soldados do governo foram mortos na tentativa do regime de atacar Rastan, nas mãos dos rebeldes desde o fim de janeiro.