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Rei Abdullah, morto na última quinta-feira | Zainal Abd Halim/Reuters
Rei Abdullah, morto na última quinta-feira| Foto: Zainal Abd Halim/Reuters

O rei Abdullah, da Arábia Saudita, aliado de Washington na luta contra a rede terrorista Al Qaeda no Oriente Médio, morreu nesta sexta, 23 (noite de quinta, 22, no horário de Brasília), anunciou a TV estatal saudita. Ele tinha 90 anos.

Abdullah será sucedido no trono saudita por seu meio-irmão, o príncipe Salman, de 79 anos, que já havia assumido responsabilidades administrativas desde que o rei ficara doente - ele estava hospitalizado desde dezembro do ano passado, com pneumonia.

Um dos filhos de Ibn Saud (1876-1953), considerado o fundador da moderna Arábia Saudita, Abdullah assumiu formalmente em 2005, mas na prática governava o país desde 1995, quando seu irmão, o rei Fahd, sofreu um AVC (acidente vascular cerebral). A monarquia absoluta chefiada pela sua família governa o território saudita desde 1932.

Durante seu reinado, Abdullah teve como prioridade usar o peso político de seu país, o maior exportador de petróleo do mundo, para conter os avanços do Irã, país persa de maioria muçulmana xiita - a monarquia saudita é sunita, outro ramo do islamismo.

O rei também pressionou o governo do presidente dos EUA, Barack Obama, a adotar medidas mais duras contra os iranianos e a apoiar mais assertivamente os rebeldes sunitas que lutavam para derrubar o ditador da Síria, Bashar al-Assad - no que não foi bem-sucedido.

Repressão

Abdullah também se posicionou fortemente contra as mudanças políticas nos países em que ocorreu, a partir de 2011, a chamada Primavera Árabe - como Egito, Tunísia e Líbia. O rei via as revoltas como uma ameaça a seu próprio reino e à estabilidade da região.

Depois dos levantes de 2011, a monarquia apertou o cerco contra dissidentes. Forças de segurança esmagaram manifestações de rua promovidas pela minoria xiita. Dezenas de ativistas foram detidos, e muitos deles julgados sob a acusação de terrorismo.

Ao mesmo tempo, o rei procurou fazer algumas reformas sem se desgastar com os clérigos ultraconservadores do país. Ele aceitou pela primeira vez a presença de mulheres na Shura, conselho não eleito que assessora a monarquia, e prometeu permitir que mulheres votem e concorram nas eleições de conselhos municipais previstas para este ano - as primeiras na história do país.

Ele também abriu, em 2009, uma universidade em que homens e mulheres compartilham salas de aula. Nesse mesmo ano, nomeou o primeiro vice-ministro do sexo feminino no governo saudita.

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